terça-feira, julho 28, 2009

Onde estão os homens?

Tempos atrás li um artigo que perguntava: Onde estão os anciãos? Era um questionamento sobre a ausência de homens maduros, especialmente a frente das igrejas. Uma constatação da nulidade a que se submetem os homens a partir da meia-idade, uma consequencia certa da nulidade que fazem questão de ser desde sempre dentro de suas próprias famílias e da sociedade.
Acredito que a pergunta pode ser expandida... Onde estão os homens (de qualquer idade)? Vivemos tempos em que o valor está depositado na juventude - produzimos eternos adolescentes, presos na barra da saia (ou do tailleur) da mãe e de outras mulheres. Vivemos tempos em que o valor está no prazer - produzimos crianças viciadas em sexo, video game, cerveja com os amigos. Vivemos tempos em que o valor está na beleza física - produzimos bebezões vigoréxicos, que se alimentam com sibutramina e Animal Pack.
Por outro lado, o mundo do trabalho exige cada vez mais dedicação, com a promessa de maiores ganhos e status. E engana a muitos ao argumentar que, sem as 90 ou 100 horas de trabalho por semana, seria impossível manter algo chamado "qualidade de vida" A pergunta é: qual é a vida que sobrará para ter qualidade?
Não digo que seja desnecessário trabalhar. Pelo contrário! O trabalho é a verdadeira vocação do ser humano e a forma apropriada para contribuir com o mundo e a socieedade. A única questão é se podemos priorizar uma contribuição para o mundo que inviabilize a contribuição para os que estão ao nosso redor. De que vale uma "contribuição" que deixa pelo caminho a esposa, os filhos (quando os tem..), que minimiza os amigos a parceiros de happy hour, nunca contribuindo verdadeiramente com as necessidades mais próximas?
Em suma, nossa sociedade prioriza inúmeros compromissos e exigências sobre os indivíduos, porém deixa em segundo plano a formação de indivíduos saudáveis e verdadeiramente responsáveis. Os culpados e os principais prejudicados são os próprios homens, individualmente. Culpados porque escondem-se ativamente por trás de seus afazeres e também se abstém e assumir a criação de seus filhos, deixando-os por toda a vida sob a autoridade da mãe e de outras mulheres. E prejudicados porque passam pela vida desmotivados mas com muita pressa e atarefados; quando aposentam-se do trabalho, percebem que não têm mais vida nenhuma.
Poucos são os homens que enxergam a si próprios de maneira crítica, que questionam suas rotinas e são corajosos para priorizar as coisas mais importantes. Por isso, há tantos jovens procurando ansiosos por exemplos e mentores. Sem encontrá-los!
Como diz o meu pai: toda discussão torna-se vazia quando não tocamos os pontos básicos, os assuntos primordiais. Falar sobre adolescentes rebeldes, uso de drogas, sexo na adolescência torna-se inútil pois permanecemos na periferia do problema. A causa está em casa... E a casa começa por um homem...