Pinker, 1997.
domingo, maio 09, 2010
O Milagre da Linguagem
"Ao ler estas palavras, você estará participando de uma das maravilhas do mundo natural. Pois você e eu pertencemos a uma espécie com uma característica notável: podemos dar forma a eventos nos cérebros de outras pessoas com extrema precisão...essa capacidade é a linguagem. Simplesmente por fazermos barulho com nossas bocas, podemos com confiança fazer com que surjam novas combinações de idéias nas mentes de outras pessoas. Essa capacidade surge tão naturalmente que tendemos a esquecer quão milagrosa ela é."
quarta-feira, maio 05, 2010
Conto
Kevin buscava compreender tudo que se passava na cabeça de Jana. Não era fácil. Garotas têm o péssimo vício de não se parecerem em nada conosco. Kevin ainda não sabia disso. Jana era bonita, simpática, culta o suficiente para uma boa conversa, agradável. E era sua namorada havia cerca de um ano. Kevin não era tolo, mas dizer isso de um garoto, 20 anos, é quase como não dizer coisa nenhuma.
Ele tentou entender o motivo das últimas brigas. Na verdade, ele tentou ler nas entrelinhas. Os motivos visíveis eram as bobeiras de sempre: as roupas dele, os horários em que ele chegava (atrasado demais, cedo demais), o jeito que ele olhou para a Vitória, e coisas desse gênero. Tudo o que ele queria era não brigar, não se estressar. Mas quem disse que ele poderia querer alguma coisa.. nem ele sabia!
Então um dia ele tentou conversar sobre isso. Quem deu essa brilhante idéia? Conversar foi a mesma coisa que pedir pra piorar. Mas quem conversou alguma coisa? Aquilo poderia ser chamado de conversa, por algum acaso? Sair de um diálogo sem nem saber o que pensar ajudou em algo?
Mas poderia ter sido pior: ela poderia ter acabado tudo, ele poderia ter dito algo irreversível. Não aconteceu, ou pelo menos ele não lembra de nada assim. Se aconteceu com certeza será lembrado na próxima discussão, não há dúvida.
Por enquanto, ele até fica satisfeito. Jana continua sendo sua namorada, não precisa mudar nenhum perfil, explicar nada para ninguém, sair a procura de outra. Até quando? Ele prefere não pensar muito sobre isso, acha que a simples menção acabaria estragando tudo o que ainda existe. E ele nem imagina a possibilidade de voltar a conversar isso com ela.
Daqui a pouco ele tem que sair, ela estará esperando pra irem a uma festa. Ele não quer ir, não conhece ninguém lá, odeia pagode, e churrascos feitos por universitários normalmente tem uma aparência grotesca. Mas ela pediu... então, por que não ir?
Ele tentou entender o motivo das últimas brigas. Na verdade, ele tentou ler nas entrelinhas. Os motivos visíveis eram as bobeiras de sempre: as roupas dele, os horários em que ele chegava (atrasado demais, cedo demais), o jeito que ele olhou para a Vitória, e coisas desse gênero. Tudo o que ele queria era não brigar, não se estressar. Mas quem disse que ele poderia querer alguma coisa.. nem ele sabia!
Então um dia ele tentou conversar sobre isso. Quem deu essa brilhante idéia? Conversar foi a mesma coisa que pedir pra piorar. Mas quem conversou alguma coisa? Aquilo poderia ser chamado de conversa, por algum acaso? Sair de um diálogo sem nem saber o que pensar ajudou em algo?
Mas poderia ter sido pior: ela poderia ter acabado tudo, ele poderia ter dito algo irreversível. Não aconteceu, ou pelo menos ele não lembra de nada assim. Se aconteceu com certeza será lembrado na próxima discussão, não há dúvida.
Por enquanto, ele até fica satisfeito. Jana continua sendo sua namorada, não precisa mudar nenhum perfil, explicar nada para ninguém, sair a procura de outra. Até quando? Ele prefere não pensar muito sobre isso, acha que a simples menção acabaria estragando tudo o que ainda existe. E ele nem imagina a possibilidade de voltar a conversar isso com ela.
Daqui a pouco ele tem que sair, ela estará esperando pra irem a uma festa. Ele não quer ir, não conhece ninguém lá, odeia pagode, e churrascos feitos por universitários normalmente tem uma aparência grotesca. Mas ela pediu... então, por que não ir?
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