sexta-feira, setembro 21, 2012

Pré-Projeto


Acabei de redigir o pré-projeto e durante a semana devo entregar a minha inscrição no PPGEF/UFSC, tentando uma vaga no Mestrado em Educação Física para 2012. Mas é muito estranho. Fiz a minha parte, sim, com certeza, mas tenho muita clareza das minhas limitações. E com certeza não estou feliz e nem confiante. Infelizmente isso pode parecer falsa modéstia ou falta de confiança em Deus. Acredite, não é nada disso. Eu realmente não acredito que fiz um bom trabalho. E não é porque não quis, mas porque não sei fazer mesmo. Por mais que eu tenha pensando, “cavucado” minha mente atrás de ideias, e por mais que eu ache que a proposta do meu projeto seja boa, não acredito que tenha conseguido ser acadêmico o suficiente. E na verdade minha grande insegurança é com relação à como será feita a avaliação. Como eu não sei, por mais que tenha feito um bom trabalho, não tenho ideia das minhas chances...

domingo, março 11, 2012

Sábado Macambúzio

Hoje foi um daqueles dias em que minha mente viaja, meio triste e macambúzia (palavra que diz mto - aprendi com o Carlinhos Veiga). Era pra ser um ótimo dia, sábado, solão, passeio pela ilha... mas o dia todo minha mente me levou pra outro canto, outras paragens. Dormi, acordei, cochilei... nem posso dizer que articulei uma linha de pensamento. Era apenas uma sensação, ansiedade, um buraco.
Não acredito que haja um motivo específico, algo que eu possa nomear (ou culpar). Há certo cansaço físico, algumas expectativas, algumas contrariedades. Mas tem certos momentos em que é só um buraquinho, coisa pequena, inexplicável, que dá até vergonha expressar, que leva o corpo e a mente a se recolherem, se encolherem, só pra si.
E no fim do dia, outra notícia de morte, um garoto de 15 ou 16 anos, afogado numa praia. Amigo de amigos meus, eu nem o conhecia. Mas a proximidade da morte, inexorável, repentina, dura. Pela segunda vez nessa semana. Vem a lembrança dos que já se foram, salvos como ele (ou não, como ela). Nossa esperança não é desse mundo, mas há muitos para quem é (e nessas horas, mais do que nunca, são os mais infelizes dos homens). E mesmo para nós, o consolo só provém também de fora desse mundo, de fora da prisão da nossas emoções.
Dia estranho para mim, duro para tantos, inesquecível para pais, irmãos, amigos... Não há dúvida, dia que  Senhor fez para a Sua Glória. Talvez somente Ele saiba ccomo... Apenas entendo que, quando eu for promovido, amanhã ou em qualquer outro dia (quem sabe também em um sábado ensolarado), conhecerei o Jean no céu, e faremos um dueto no baixo, acompanhados por tantos outros...

terça-feira, janeiro 31, 2012

À Espera dos Bárbaros

O que esperamos na ágora reunidos?

      É que os bárbaros chegam hoje.

Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?

      É que os bárbaros chegam hoje.
      Que leis hão de fazer os senadores?
      Os bárbaros que chegam as farão.

Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?

      É que os bárbaros chegam hoje.
      O nosso imperador conta saudar
      o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
      um pergaminho no qual estão escritos
      muitos nomes e títulos.

Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?

      É que os bárbaros chegam hoje,
      tais coisas os deslumbram.

Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?

      É que os bárbaros chegam hoje
      e aborrecem arengas, eloqüências.

Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?

      Porque é já noite, os bárbaros não vêm
      e gente recém-chegada das fronteiras
      diz que não há mais bárbaros.

Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.

                    [Antes de 1911]



 Konstantinos Kaváfis
In Poesia Moderna da Grécia
Seleção, tradução direta do grego, prefácio,
textos críticos e notas de José Paulo Paes
Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1986