quarta-feira, agosto 23, 2006

Silêncio

[...]
Mas há palavras que não dizemos: elas se dizem
apesar de esquecidas.
Mas são nossas:
moram em nós, sem permissão, intrusas
e não atendem a nossa voz.
São como o Vento,
que sopra onde quer.
E não sabemos nem como veio e nem para onde vai.
Só ouvimos o sopro.
Nós dizemos: só ouvimos.
Assim as palavras da oração, esquecidas:
elas se dizem.
Fica a surpressa de que um pássaro selvagem como aquele
more em nós sem que o soubéssemos.
[...]
Rubem Alves

continua...

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