quarta-feira, setembro 24, 2008

Quadrinhos 3 - Final

Falei nos últimos posts sobre a minha experiência com as HQs, e no fim de ambos insisti na falta que esse material tão interessante faz na sala de aula e na biblioteca de crianças e adolescentes.. Vamos aprofundar isso um pouquinho nesse último post.

Por que histórias em quadrinhos são boas opções para estudantes? E em que idade deve ser incentivada? Que tipo de conteúdo deve ser incentivado?

Primeiro de tudo, as HQs reúnem no mesmo momento a arte gráfica (as figuras que as crianças tanto valorizam) e a leitura (que nós queremos que as crianças aprendam a valorizar). Uma criança naturalmente sentirá atração por um projeto gráfico colorido e bem feito. Traços simples, histórias simples, com conteúdos interessantes, uma dose de humor e outra de pequenos detalhes de personalidade - uma receita utilizada pelo Maurício de Souza há 49 anos. Qual é a criança que não sentiria interesse em ler as aventuras da turma da Mônica, do Penadinho, do Papa-Capim, etc. Um testemunho pessoal: minha vó tem até hoje (todos os netos já são, pelo menos, adolescentes) um cestinho no banheiro com revistinhas da Mônica, dessas bem antigas, compradas em sebo. Quero saber qual dos primos que não lê uma histórinha toda vez que vai na vó... Eu leio!

Ou seja, com relação à idade, duas coisas precisam ser pensadas: o projeto gráfico e a complexidade do conteúdo. Na medida em que a criança aprende a ler e desenvolve seu senso crítico e até mesmo os outros conhecimentos (história, geografia, atualidades), é importante propôr novas opções, mais desafiadoras. Como fazer isso se não conhecemos e não lemos, e até mesmo achamos que isso não é literatura?

Outro caso lá de casa: meu irmão não gostava de ler quando era pequeno. Tinha muita facilidade na escola, mas não pegava em livros, achava muito chato, desmotivante. Certo dia, meio sem querer, ele pegou umas revistas do Super-Homem ou do Homem-Aranha, e começou a acompanhá-las, sabia todas as tramas.Hoje ele é um leitor tão compulsivo quanto o restante da família e lê, inclusive, HQs, mas não só... Um medo dos meus pais é que ele estacionasse nesse tipo de literatura, mas isso não aconteceu, porque novas opções foram oferecidas.

Uma outra possibilidade, para os mais velhos talvez, é a introdução às HQs em inglês, espanhol, italiano, francês, como forma de aprendizado em outro idioma. Os diálogos e as histórias não são tão complicados e há grande ajuda na compreensão por causa dos desenhos.

Por último, a escola falha sistematicamente em captar a atenção e o interesse de grande parte dos seus alunos. A causa: falta oferecer a eles algo que seja desafiador, diferente. E ensinar língua portuguesa, artes, história, geografia, pode muito bem ser diferente, desafiador, muito motivante. Basta que os materiais e os conteúdos sejam algo marcante para os alunos. Cabe ao professor buscar novas possibilidades, seja num parque, no laboratório de ciências, em frente ao computador ou na biblioteca.

Revistas em Quadrinhos podem ser muito mais baratos do que livros, e mesmo que não sejam (vai depender muito do conteúdo), são um investimento possível. É apenas mais uma ferramenta para o desenvolvimento dos alunos, mas uma ferramenta acessível e cheia de possibilidades.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Quadrinhos 2

Hoje eu fui matar tempo numa livraria, obviamente. Tem certos costumes que é difícil perdermos, e nem sei se queremos perder. Este é um dos meus: tenho 10 minutos sobrando no centro, eu entro numa livraria, num sebo ou algo do gênero. Se Florianópolis tivesse sebos melhores e, quem sabe, bancas de revistas decentes, eu com certeza perderia a hora mais vezes...

Mas hoje eu passei uns 20 minutos procurando umas revistinhas, olhando o preço de algumas coisas. E descobri que ler quadrinhos é um hobby meio caro, pelo menos aki em florianópolis. Por quê? Se você não conhece Floripa: aqui não se encontra quase nada de qualidade nos sebos. E até existem alguns sebos, mas acho que eles sobrevivem apenas de vender playboys antigas e revistas de ponto cruz!!! É só o que se encontra em quantidade nesses lugares. E o pior: quem trabalha nos sebos não conhece nada, não sabe o que tem nas prateleiras, e, mesmo quando sabe, não conhece os autores, nunca leu nada!!!

E eu fui procurar histórias em quadrinhos nos sebos nos últimos dias.. Normalmente eu compro os TEX, mas queria ver se há outras coisas interessantes. Mas não achei!! Dae fui pra loja, ver quanto custam as revistas novas. E as lojas também não são das melhores, mas há bastante coisa interessante. E outra coisa que eu notei:há quadrinhos de todos os tipos, e sobre coisas totalmente diferentes!

Por exemplo: há os clássicos Tintim e Asterix; os ótimos e inteligentes Calvin e Mafalda (em edições de bolso, de luxo, coletâneas, e diversas outras opções); históricos como MAUS (uma história mto legal sobre o Holocausto); super produções como "300 de Esparta"; o incomparável (sou muito fã) Charlie Brown, o "Minduim"; e até coisas bem estranhas pro mundo dos quadrinhos, como a biografia de Nietzshe, uma adaptação de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, e uma versão "mais amigável" de Pai Rico, Pai Pobre.

Os quadrinhos são uma opção de escrita que vem sendo explorada nos últimos anos de uma forma bastante eclética, mas como em todo o mercado literário brasileiro, ainda há pouca divulgação e até mesmo valorização das obras. Não conheço praticamente nenhum professor que use esse recurso para instigar seus alunos no gosto pela leitura e na paixão pelo conhecimento. Nem mesmo tratam desse material tão rico nas aulas de artes ou de literatura! Como é possível ignorar uma manifestação tão antiga e tão atraente?

quarta-feira, setembro 10, 2008

Quadrinhos

Quadrinhos são histórias escritas de uma forma muito diferente, mescla de texto e imagem, charge e conto. Desde pequeno, dos tempos em que aprendi a ler, algumas revistas estiveram presentes: A Turma da Mônica e os DuckTales da Disney. Preferia as histórias de investigação do Mickey e as sujeirices do Cascão.

Um pouquinho mais velho, graças à Biblioteca Pública do Parque Edu Chaves, em SP, entrei em contato com os franceses Uderzo e Goscinny, autores de Asterix, e com o belga Hergé, autor de As Aventuras de Tintin. Nesse último caso, o interesse veio, na verdade, de uma série que passava na TV Cultura, no início da década de 1990. Com certeza eram histórias escritas há muitas décadas e com um cunho histórico bem definido, o que me interessava muito na adolescência, e interessa até hoje.

Na mesma época, início da adolescência, um amigo da escola me apresentou a Tex Willer, herói de faroeste, escrito pela Bonelli Editores, casa italiana. Um aparte: parece que os europeus em geral, e especificamente os italianos, tem uma grande predileção pelos quadrinhos de faroeste. Revistas mais caras, não encontradas nas bibliotecas, fui parar nos sebos. E descobri mais uma paixão: fuçar estantes carunchadas (ai da minha rinite!) atrás de gibis e outras preciosidades... Pena que em Floripa não as haja em tanta quantidade, nem com tanta qualidade.

Depois disso, passei por algumas fases mais DC Comics e Marvel, acompanhando algumas aventuras de super-heróis e descobrindo a arte de baixá-las da internet, quando o acesso ao exemplar é difícil ou caro. Mas não é a mesma coisa! Se baixar músicas ou filmes, em geral não afeta a experiência de apreciá-los, ler sempre é muito mais agradável quando há o toque com o papel e a tinta. Posso parecer muito conservador, mas precisamos lembrar que a arte do desenho e da escrita é a relação entre o homem, o pincel e o papel. Manter um blog e escrever por essa máquina tem suas vantagens, mas o papel ainda tem uma mágica insubstituível - e além da mágica tem também uma poeirinha e um cheiro que são clássicos (olha a minha rinite se manifestando novamente!).

Sobre as aventuras de super-heróis, foi uma fase bastante rápida, que logo passou à arte das tirinhas. E pra isso, a internet é bastante prolífica. Tem de tudo! Coisa boa, sites interessantes, e alguns muito chatos e toscos. Mas virou um bom passatempo garimpar e selecionar os bons cartunistas.

E, mais recentemente (no último ano), passei a me interessar pelos quadrinhos mais elaborados, especialmente os livros como "300 de Esparta" e "Maus". Aí já é um hobby bem mais caro, mas que envolve uma complexidade muito maior, tanto dos textos e dos temas, quanto da própria arte gráfica.

É uma arte ainda pouco explorada entre as crianças e adolescentes, talvez ainda fruto de um preconceito sobre o que seja a "verdadeira literatura" por parte de pais e professores. Mas o meu testemunho é que os quadrinhos foram uma parte importante no processo de me aproximar do universo da leitura.

sexta-feira, setembro 05, 2008

"Every day we make it, we'll make it the best we can."
Jack Daniel, o fundador da Jack Daniel's Tennessee Whisky
"Temos que nos libertar da pior forma de obscurantismo contemporâneo: aquela que procura nos persuadir de que nossa conduta no passado foi ou acertada ou inevitável. Não nos tornaremos mais sábios enquanto não aprendermos que muito do que fizemos era pura tolice." (Friedrich August von Hayek, 1899-1992 - economista austríaco)