quarta-feira, abril 14, 2010

AVENTURA - Parte 3

Agora, gostaria de escrever sobre um aspecto que tem tudo a ver com a minha área de atuação: o Esporte. Não o vejo como a solução dos problemas dos homens, muito menos como uma salvação para a humanidade, como gostam de vender as emissoras de televisão e alguns profissionais da área. Mas a associação entre a frustração / ansiedade masculina e o esporte (assistência e prática) podem lançar uma luz sobre a mente masculina e a forma como temos lidado com nossas angústias. Essas idéias não são originais minhas, obviamente, mas me identifico muito com elas, porque explicam a fascinação que os esportes despertam nos seres humanos.
Primeiramente, o esporte tem um papel importante para aqueles que o praticam. É mais do que uma profissão, é mais do que um modo de ganhar dinheiro: é um forma de despertar e libertar algo que a civilização exige que fique guardado - a agressividade. Dentro do campo, do ginásio ou da piscina, há um espaço socialmente aceito para a transgressão dessa passividade. Ali, durante alguns minutos, o homem poderá (e será cobrado por isso) dar o máximo da sua capacidade física e emocional em favor de seus companheiros e de uma bandeira (seja do seu time ou do seu país). Há um comprometimento visceral entre esses homens, mesmo que sejam adversários. O esporte é, por assim dizer, a guerra em uma forma socialmente aceita. Há um código de conduta bem definido, algo que se perdeu nas guerras ocidentais. Para se ter um exemplo disso, podemos lembrar dos All Blacks ou dos Ice Blacks, as seleções da Nova Zelândia no rugby e no hockey, respectivamente. Ambos os times tem a tradição de desafiar as seleções adversárias com o Haka, uma espécie de dança de guerra tradicional da cultura maori. É tão intimidante quanto deve ser enfrentar um exército.
Do lado de fora do campo de jogo, seja pela televisão / rádio ou na arquibancada, temos uma massa que assiste e torce por uma equipe, ou seja, que se identifica com determinada bandeira e enxerga os atletas como guerreiros. Entoa cantos de guerra, hasteia bandeiras, sofre, chora, grita, e desenvolve uma irmandade, mesmo que momentânea com quem está ao seu lado, envolvido com o mesmo time. Vemos isso a cada 4 anos, na Copa do Mundo de Futebol, mas também em cada ginásio deste país, em competições de vôlei, ou nos campos dos esportes profissionais ou amadores ao redor do mundo todo. No Brasil, época de Copa do Mundo é um período em que mais nada é tão importante: trabalhos, estudos, política, tudo fica para trás, a fim de acompanharmos nossos representantes lutando do outro lado do mundo, por um troféu que nunca tocaremos.
Definitivamente o esporte encontra eco no vazio que o homem sente quando se depara com a própria rotina e suas próprias frustrações. É um mecanismo de compensação aceitável para tudo aquilo que o homem tem necessidade: realização, poder, desafios, aventura.
Infelizmente, ainda temos a enorme dificuldade para controlar os instintos, mesmo no esporte. A violência nos estádios brasileiros, a história dos hooligans, e tantos outros casos escabrosos, demonstram que o esporte não é a solução do problema do homem. A solução nós já sabemos qual é: Jesus Cristo. Mas tanto o esporte quanto outras formas de aventura, são necessários para que o homem vença sua própria passividade e torne-se mais completo, sinta-se homem de verdade.

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