Acabei de redigir o pré-projeto e durante a semana devo
entregar a minha inscrição no PPGEF/UFSC, tentando uma vaga no Mestrado em
Educação Física para 2012. Mas é muito estranho. Fiz a minha parte, sim, com
certeza, mas tenho muita clareza das minhas limitações. E com certeza não estou
feliz e nem confiante. Infelizmente isso pode parecer falsa modéstia ou falta
de confiança em Deus. Acredite, não é nada disso. Eu realmente não acredito que
fiz um bom trabalho. E não é porque não quis, mas porque não sei fazer mesmo.
Por mais que eu tenha pensando, “cavucado” minha mente atrás de ideias, e por
mais que eu ache que a proposta do meu projeto seja boa, não acredito que tenha
conseguido ser acadêmico o suficiente. E na verdade minha grande insegurança é
com relação à como será feita a avaliação. Como eu não sei, por mais que tenha
feito um bom trabalho, não tenho ideia das minhas chances...
sexta-feira, setembro 21, 2012
domingo, março 11, 2012
Sábado Macambúzio
Hoje foi um daqueles dias em que minha mente viaja, meio triste e macambúzia (palavra que diz mto - aprendi com o Carlinhos Veiga). Era pra ser um ótimo dia, sábado, solão, passeio pela ilha... mas o dia todo minha mente me levou pra outro canto, outras paragens. Dormi, acordei, cochilei... nem posso dizer que articulei uma linha de pensamento. Era apenas uma sensação, ansiedade, um buraco.
Não acredito que haja um motivo específico, algo que eu possa nomear (ou culpar). Há certo cansaço físico, algumas expectativas, algumas contrariedades. Mas tem certos momentos em que é só um buraquinho, coisa pequena, inexplicável, que dá até vergonha expressar, que leva o corpo e a mente a se recolherem, se encolherem, só pra si.
E no fim do dia, outra notícia de morte, um garoto de 15 ou 16 anos, afogado numa praia. Amigo de amigos meus, eu nem o conhecia. Mas a proximidade da morte, inexorável, repentina, dura. Pela segunda vez nessa semana. Vem a lembrança dos que já se foram, salvos como ele (ou não, como ela). Nossa esperança não é desse mundo, mas há muitos para quem é (e nessas horas, mais do que nunca, são os mais infelizes dos homens). E mesmo para nós, o consolo só provém também de fora desse mundo, de fora da prisão da nossas emoções.
Dia estranho para mim, duro para tantos, inesquecível para pais, irmãos, amigos... Não há dúvida, dia que  Senhor fez para a Sua Glória. Talvez somente Ele saiba ccomo... Apenas entendo que, quando eu for promovido, amanhã ou em qualquer outro dia (quem sabe também em um sábado ensolarado), conhecerei o Jean no céu, e faremos um dueto no baixo, acompanhados por tantos outros...
terça-feira, janeiro 31, 2012
À Espera dos Bárbaros
O que esperamos na ágora reunidos?
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
[Antes de 1911]
Konstantinos Kaváfis
In Poesia Moderna da Grécia
Seleção, tradução direta do grego, prefácio,
textos críticos e notas de José Paulo Paes
Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1986
É que os bárbaros chegam hoje.
Por que tanta apatia no senado?
Os senadores não legislam mais?
É que os bárbaros chegam hoje.
Que leis hão de fazer os senadores?
Os bárbaros que chegam as farão.
Por que o imperador se ergueu tão cedo
e de coroa solene se assentou
em seu trono, à porta magna da cidade?
É que os bárbaros chegam hoje.
O nosso imperador conta saudar
o chefe deles. Tem pronto para dar-lhe
um pergaminho no qual estão escritos
muitos nomes e títulos.
Por que hoje os dois cônsules e os pretores
usam togas de púrpura, bordadas,
e pulseiras com grandes ametistas
e anéis com tais brilhantes e esmeraldas?
Por que hoje empunham bastões tão preciosos
de ouro e prata finamente cravejados?
É que os bárbaros chegam hoje,
tais coisas os deslumbram.
Por que não vêm os dignos oradores
derramar o seu verbo como sempre?
É que os bárbaros chegam hoje
e aborrecem arengas, eloqüências.
Por que subitamente esta inquietude?
(Que seriedade nas fisionomias!)
Por que tão rápido as ruas se esvaziam
e todos voltam para casa preocupados?
Porque é já noite, os bárbaros não vêm
e gente recém-chegada das fronteiras
diz que não há mais bárbaros.
Sem bárbaros o que será de nós?
Ah! eles eram uma solução.
[Antes de 1911]
Konstantinos Kaváfis
In Poesia Moderna da Grécia
Seleção, tradução direta do grego, prefácio,
textos críticos e notas de José Paulo Paes
Editora Guanabara, Rio de Janeiro, 1986
quarta-feira, novembro 16, 2011
Confusão de Gerações
Me admiro com recorrência da capacidade de os velhos agirem como crianças: irresponsáveis, impressionáveis, ingênuos e futriqueiros.
Também me admiro, e cada vez mais percebo isto, da capacidade de os jovens agirem como velhos: ranzinzas, resmungões, impacientes, opiniáticos, críticos.
Maturidade e jovialidade deveriam ser virtudes buscadas por cada pessoa, independente da idade. O equilíbrio entre estas condições é imprescindível a alguém que seja admirado por seus pares. Agir como crianças irresponsáveis, que não assumem seu tempo, dinheiro e relacionamentos, é tão ridículo quanto passar a vida a lamentar o não-realizado, as impossibilidades.
Acredito mesmo que esses desequilíbrios são ainda mais perniciosos na minha profissão. O educador, por definição é um preceptor, um aio, um pedagogo. Ou seja, seu papel é o de conduzir os mais jovens ou os mais inexperientes no caminho do conhecimento, da cultura (no sentido do que é construído e acumulado pelos ancestrais), e das possibilidades. O mestre é o que descortina à vista do outro a realidade e o que ainda não é, de modo a despertar intenções e atitudes.
Um mestre “velho“ ou “moleque“ boicota os sonhos, inibe as realizações, interrompe a esperança. Fico a imaginar a mente dos pequenos (ou não tão pequenos assim, já adolescentes e jovens) ao chegarem à escola, cheios de energia e expectativa, mas ouvindo o tempo todo um professor (ou professora) que grita aos quatro ventos: "Não tenho esperança com relação a minha vida, estou frustrada" e ao mesmo tempo, com o dedo em riste: "Você não tem jeito, não vai dar nada, ninguém te aguenta!".
É simplificar por demais imaginar que melhores salários para os professores resolveriam esta situação. A luta pelo desenvolvimento da educação, por sua valorização, pela formação e aprimoramento dos professores é fundamental a uma nação, sem dúvida. Mas o problema do qual estou falando é muito mais profundo. Vivemos numa sociedade em que os jovens não acreditam que podem fazer alguma diferença e em que os velhos se tornam cínicos.
sábado, novembro 05, 2011
O direito de ler em voz alta
"Estranho desaparecimento, esse da leitura em voz alta. O que é que Dostoievski teria pensado disso? E Flaubert? Não se tem mais o direito de pôr as palavras na boca antes de enfiá-las na cabeça? Não há mais ouvidos? Nem música? Nem saliva? Nem gosto nas palavras? E além de tudo e ainda mais! Será que Flaubert não se pôs a gritar (até fazer explodir os tímpanos) seu Madame Bovary? Será que ele não está definitivamente mais bem equipado do que qualquer outro para saber que a inteligência do texto passa pelo som das palavras, lá onde se faz a fusão dos seus sentidos? Será que não é ele que sabe, como ninguém mais, ele que tanto brigou com a música intempestiva das sílabas, a tirania das cadências, que o sentido é algo que se pronuncia? O quê? Textos mudos para puros espíritos? A mim, Rabelais! A mim, Flaubert! Dostô! Kafka! Dickens!, a mim! Venham dar um sopro a nossos livros! Nossas palavras precisam de corpos! Nossos livros precisam de vida!
"É verdade que o silêncio do texto é confortável... não se arrisca a morte, como Dickens, a quem os médicos pediam que calasse enfim seus romances... o texto e cada um... todas essas palavras amordaçadas na amolecida cozinha de nossa inteligência... como pode se sentir alguém nesse silencioso tricotar de nossos comentários!... além disso, julgando o livro à parte, a sós, não se corre o risco de ser julgado por ele... é que,desde que a voz se mistura, o livro diz muito sobre seu leitor... o livro diz tudo.
"O homem que lê de viva voz se expõe totalmente. Se não sabe o que lê, ele é ignorante de suas palavras, é uma miséria, e isso se percebe. Se se recusa a habitar sua leitura, as palavras tornam-se letras mortas, e isso se sente. Se satura o texto com a sua presença, o autor se retrai, é um número de circo, e isso se vê. O homem que lê de viva voz se expõe totalmente aos olhos que o escutam.
"Se ele lê verdadeiramente, põe nisso todo seu saber, dominando seu prazer, se sua leitura é um ato de simpatia pelo auditório como pelo texto e seu autor, se consegue fazer entender a necessidade de escrever, acordando nossas mais obscuras necessidades de compreender, então os livros se abrem para ele e a multidão daqueles que se acreditavam excluídos da leitura vai se precipitar atrás dele."
"É verdade que o silêncio do texto é confortável... não se arrisca a morte, como Dickens, a quem os médicos pediam que calasse enfim seus romances... o texto e cada um... todas essas palavras amordaçadas na amolecida cozinha de nossa inteligência... como pode se sentir alguém nesse silencioso tricotar de nossos comentários!... além disso, julgando o livro à parte, a sós, não se corre o risco de ser julgado por ele... é que,desde que a voz se mistura, o livro diz muito sobre seu leitor... o livro diz tudo.
"O homem que lê de viva voz se expõe totalmente. Se não sabe o que lê, ele é ignorante de suas palavras, é uma miséria, e isso se percebe. Se se recusa a habitar sua leitura, as palavras tornam-se letras mortas, e isso se sente. Se satura o texto com a sua presença, o autor se retrai, é um número de circo, e isso se vê. O homem que lê de viva voz se expõe totalmente aos olhos que o escutam.
"Se ele lê verdadeiramente, põe nisso todo seu saber, dominando seu prazer, se sua leitura é um ato de simpatia pelo auditório como pelo texto e seu autor, se consegue fazer entender a necessidade de escrever, acordando nossas mais obscuras necessidades de compreender, então os livros se abrem para ele e a multidão daqueles que se acreditavam excluídos da leitura vai se precipitar atrás dele."
Pennac, Daniel. Como um romance. RJ: Rocco, 1993.
quarta-feira, outubro 05, 2011
Meu avô, Elizeu
Fui desafiado, poucos dias após o falecimento do meu avô, a escrever sobre o significado que ele teve, especificamente na minha vida. Sou o neto mais velho e convivi com ele mais tempo do que meus irmãos e primos, e tenho lembranças mais antigas e mais nítidas de algumas características deste homem que, para todos nós, é a representação do ser Justino e do ser Cristão. Demorei, pensei muito sobre o assunto e aqui está o primeiro esboço do que posso dizer.
Primeiro, o mais importante. O modelo de cristão que temos na figura do seu Elizeu me faz pensar sempre na passagem de Hebreus 12:1-2: "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-os de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus." O autor deste livro se coloca na posição de herdeiro da fé daqueles homens listados no capítulo 11 (a tal multidão de testemunhas), e enxerga nessa herança o modelo para continuar perseverando na proposta de Cristo. Hoje, posso dizer a mesma coisa: sou herdeiro de uma fé que me foi passada, não pelo sangue dos meus pais, mas pelo testemunho de um homem como o seu Elizeu, simples e humilde, mas comprometido com a Palavra, perseverante no estudo, na oração, no ensino e na aplicação.
O autor da carta aos hebreus lembra de Abel, Enoque, Noé, dos patriarcas, de Moisés e lista tantos outros. Hoje, há muitos outros que podem ser listados, homens "atuais" mas que preservaram a mesma esperança dos primeiros servos de Deus. Naqueles tempos, vislumbravam a promessa da redenção, do sacrifício de Cristo, que substituiria o nosso sangue. Hoje, tendo já recebido o sacrifício e crendo no relato das testemunhas oculares, andamos na promessa da instalação definitiva e plena do Reino de Deus, com o retorno de Cristo. Chamamos Heróis aqueles homens que, antes de ver, creram. Tinham "a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem". Portanto, nada mais justo do que considerar o vô como mais um nessa nuvem de testemunhas, heróis da fé, que pautaram sua trajetória na Palavra de Deus. Não acredito que exista maior privilégio neste mundo do que conhecer, conviver e aprender com homens assim.
No segundo aspecto, algo muito interessante aconteceu nesta família. Com o tempo, criamos uma instituição: a Justinolândia, ou o "ser Justino". Não é pouca coisa, este nome está carregado de conotações e de princípios. O Justino é crente, acredita na instituição Família - criada e mantida por Deus, acredita na Igreja e no ministério que todos nós temos no meio dela. Reconhece nos parentes (muitas vezes tão achincalhados na cultura popular) irmãos de verdade, herdeiros do mesmo sangue e da mesma tradição. Reconhece nos "agregados" novos membros da família, e não apenas estranhos. Algumas coisas o vô nos mostrou sobre isso, até depois de morto. Um amigo seu, velhinho, esteve ao lado do caixão durante toda a madrugada, no velório, e até o final do enterro. Um garotinho, seu vizinho, fez questão de ir ao enterro e depositar uma flor sobre o caixão. A família toda, cantando, cuidando uns dos outros, passou 3 dias que, apesar de muito difíceis, não posso definir com menos do que "maravilhosos", após o enterro.
Nada disso é de graça. É, sim, por graça de Deus, e fruto de uma vida toda (83 anos) dedicada a Deus e a sua família, a Igreja e aos amigos.
Me lembro do vô nos buscando (eu e meu irmão) com seu Chevette amarelo, em frente a escola, muitos anos atrás. Nos levando para almoçar na sua casa: arroz e feijão, carne de panela, couve refogada, farofa, laranjada. Mas sempre ele primeiro orava, depois servia a salada, e só depois o restante da comida.
Em um dos últimos anos, de férias em São Paulo, tive a oportunidade de estar reunido com meus irmãos e primos na cozinha da casa dele. A vó estava escrevendo suas memórias, e o vô nos contando inúmeras lembranças, nos perguntando nossos planos. Nós sabíamos que ele orava por nós todos os dias e sabemos que Deus ouviu suas orações até o último dia.
Meu avô faleceu como viveu: em paz com seu Deus, e isto refletiu na vida de todos nós. No último ano antes de morrer ele viu 3 de nós casarem, viu nascer o primeiro bisneto. E, com base no testemunho dele, só posso crer que Deus cumprirá sua promessa de guardar a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos. Meus filhos e netos certamente serão abençoados pelo testemunho deste homem.
Primeiro, o mais importante. O modelo de cristão que temos na figura do seu Elizeu me faz pensar sempre na passagem de Hebreus 12:1-2: "Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-os de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual, em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus." O autor deste livro se coloca na posição de herdeiro da fé daqueles homens listados no capítulo 11 (a tal multidão de testemunhas), e enxerga nessa herança o modelo para continuar perseverando na proposta de Cristo. Hoje, posso dizer a mesma coisa: sou herdeiro de uma fé que me foi passada, não pelo sangue dos meus pais, mas pelo testemunho de um homem como o seu Elizeu, simples e humilde, mas comprometido com a Palavra, perseverante no estudo, na oração, no ensino e na aplicação.
O autor da carta aos hebreus lembra de Abel, Enoque, Noé, dos patriarcas, de Moisés e lista tantos outros. Hoje, há muitos outros que podem ser listados, homens "atuais" mas que preservaram a mesma esperança dos primeiros servos de Deus. Naqueles tempos, vislumbravam a promessa da redenção, do sacrifício de Cristo, que substituiria o nosso sangue. Hoje, tendo já recebido o sacrifício e crendo no relato das testemunhas oculares, andamos na promessa da instalação definitiva e plena do Reino de Deus, com o retorno de Cristo. Chamamos Heróis aqueles homens que, antes de ver, creram. Tinham "a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que não se vêem". Portanto, nada mais justo do que considerar o vô como mais um nessa nuvem de testemunhas, heróis da fé, que pautaram sua trajetória na Palavra de Deus. Não acredito que exista maior privilégio neste mundo do que conhecer, conviver e aprender com homens assim.
No segundo aspecto, algo muito interessante aconteceu nesta família. Com o tempo, criamos uma instituição: a Justinolândia, ou o "ser Justino". Não é pouca coisa, este nome está carregado de conotações e de princípios. O Justino é crente, acredita na instituição Família - criada e mantida por Deus, acredita na Igreja e no ministério que todos nós temos no meio dela. Reconhece nos parentes (muitas vezes tão achincalhados na cultura popular) irmãos de verdade, herdeiros do mesmo sangue e da mesma tradição. Reconhece nos "agregados" novos membros da família, e não apenas estranhos. Algumas coisas o vô nos mostrou sobre isso, até depois de morto. Um amigo seu, velhinho, esteve ao lado do caixão durante toda a madrugada, no velório, e até o final do enterro. Um garotinho, seu vizinho, fez questão de ir ao enterro e depositar uma flor sobre o caixão. A família toda, cantando, cuidando uns dos outros, passou 3 dias que, apesar de muito difíceis, não posso definir com menos do que "maravilhosos", após o enterro.
Nada disso é de graça. É, sim, por graça de Deus, e fruto de uma vida toda (83 anos) dedicada a Deus e a sua família, a Igreja e aos amigos.
Me lembro do vô nos buscando (eu e meu irmão) com seu Chevette amarelo, em frente a escola, muitos anos atrás. Nos levando para almoçar na sua casa: arroz e feijão, carne de panela, couve refogada, farofa, laranjada. Mas sempre ele primeiro orava, depois servia a salada, e só depois o restante da comida.
Em um dos últimos anos, de férias em São Paulo, tive a oportunidade de estar reunido com meus irmãos e primos na cozinha da casa dele. A vó estava escrevendo suas memórias, e o vô nos contando inúmeras lembranças, nos perguntando nossos planos. Nós sabíamos que ele orava por nós todos os dias e sabemos que Deus ouviu suas orações até o último dia.
Meu avô faleceu como viveu: em paz com seu Deus, e isto refletiu na vida de todos nós. No último ano antes de morrer ele viu 3 de nós casarem, viu nascer o primeiro bisneto. E, com base no testemunho dele, só posso crer que Deus cumprirá sua promessa de guardar a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos. Meus filhos e netos certamente serão abençoados pelo testemunho deste homem.
terça-feira, agosto 30, 2011
Amor e Respeito
A idéia aqui não é fazer uma resenha do livro, mas apenas alguns comentários sobre a maneira como ele impactou na minha mente.
Para explicar, o livro é "Amor e Respeito - O que ela mais deseja, o que ele mais precisa", de Emerson Eggerichs, publicado pela Ed. Mundo Cristão, e traduzido para o português pelo meu tio Emirson Justino.
O livro foi presente dos meus pais para a minha sogra, em um aniversário, 2 ou 3 anos atrás, quando eu ainda namorava a Sara. Na época não era algo que me interessava muito, mas com a proximidade do casamento é claro que me senti um pouco mais ansioso com tudo o que envolve e procurei livros que me ajudassem. Encontrei alguns na biblioteca dos meus pais e outros na casa dos meus sogros, mas este foi o que chamou mais a minha atenção, talvez pelo título, talvez pelo tradutor, e talvez pelo enfoque bíblico que parecia ter. Digo isto porque muitos dos livros com os quais me deparei pareciam mais focados em perspectivas psicologistas, comportamentais, do tipo Auto-Ajuda, e não tenho muita paciência para gente que acha que está reinventando a roda. Definitivamente queria algo que fosse centrado em ensinamentos bíblicos e que que fosse realista com as crises que eu poderei enfrentar com a Sara.
Comecei a lê-lo alguns dias depois do casamento, mas naquele momento não pareceu que eu aproveitaria muito. Talvez a introdução não tenha chamado muito a minha atenção ou talvez eu ainda estivesse muito em um clima de lua-de-mel e ainda não tivesse noção de como seria realmente o cotidiano de casado. Mas quando completei 5 meses de casado (no início deste mês) voltei a ler, e já foi bem diferente. É claro que ainda estamos vivendo um momento de lua-de-mel que tem sido maravilhoso, mas já temos nossas rusguinhas por conta da rotina, dos problemas da casa, de dinheiro, das decisões, etc. E comecei a me enxergar naquela leitura.
Acredito que Deus tem me abençoado de inúmeras maneiras, realizando verdadeiros milagres a cada dia no meu casamento. E acredito que uma destas bençãos tenha sido encontrar este livro, já no início do que podem ser muitos anos de casado. Já li o livro todo, já devolvi para a minha sogra. Mas já está na listinha das próximas aquisições. Quero tê-lo na minha estante, voltar a ele e não esquecer de Efésios 5:22-33, a base do livro.
Para explicar, o livro é "Amor e Respeito - O que ela mais deseja, o que ele mais precisa", de Emerson Eggerichs, publicado pela Ed. Mundo Cristão, e traduzido para o português pelo meu tio Emirson Justino.
O livro foi presente dos meus pais para a minha sogra, em um aniversário, 2 ou 3 anos atrás, quando eu ainda namorava a Sara. Na época não era algo que me interessava muito, mas com a proximidade do casamento é claro que me senti um pouco mais ansioso com tudo o que envolve e procurei livros que me ajudassem. Encontrei alguns na biblioteca dos meus pais e outros na casa dos meus sogros, mas este foi o que chamou mais a minha atenção, talvez pelo título, talvez pelo tradutor, e talvez pelo enfoque bíblico que parecia ter. Digo isto porque muitos dos livros com os quais me deparei pareciam mais focados em perspectivas psicologistas, comportamentais, do tipo Auto-Ajuda, e não tenho muita paciência para gente que acha que está reinventando a roda. Definitivamente queria algo que fosse centrado em ensinamentos bíblicos e que que fosse realista com as crises que eu poderei enfrentar com a Sara.
Comecei a lê-lo alguns dias depois do casamento, mas naquele momento não pareceu que eu aproveitaria muito. Talvez a introdução não tenha chamado muito a minha atenção ou talvez eu ainda estivesse muito em um clima de lua-de-mel e ainda não tivesse noção de como seria realmente o cotidiano de casado. Mas quando completei 5 meses de casado (no início deste mês) voltei a ler, e já foi bem diferente. É claro que ainda estamos vivendo um momento de lua-de-mel que tem sido maravilhoso, mas já temos nossas rusguinhas por conta da rotina, dos problemas da casa, de dinheiro, das decisões, etc. E comecei a me enxergar naquela leitura.
Acredito que Deus tem me abençoado de inúmeras maneiras, realizando verdadeiros milagres a cada dia no meu casamento. E acredito que uma destas bençãos tenha sido encontrar este livro, já no início do que podem ser muitos anos de casado. Já li o livro todo, já devolvi para a minha sogra. Mas já está na listinha das próximas aquisições. Quero tê-lo na minha estante, voltar a ele e não esquecer de Efésios 5:22-33, a base do livro.
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