quarta-feira, novembro 26, 2008

Minutos de sabedoria, com Calvin & Hobbes

Os blogs abaixo montaram duas listas do Top 10 - Tirinhas do Calvin, cm lições para a nossa vida.. Excelente coletânea, e incrivelmente apenas uma pequena mostra da genialidade do americano Bill Watterson. Dêem uma lida nas tiras selecionadas do garotinho mais crítico e do seu tigre imaginário / real de estimação.

Em português:
http://topismos.blogspot.com/2008/11/top-10-tirinhas-do-calvin-que-me.html
(este site, aliás, eh uma excente fonte de topismos, ou seja, a arte de elencar "top 10" de qualquer assunto)

Em inglês:
http://ladyrasta.wordpress.com/2008/11/21/top-ten-calvin-minutos-de-sabedoria/

terça-feira, novembro 04, 2008

Cristianismo Puro e Simples - I

"A principal coisa que aprendemos quado tentamos praticar as virtudes cristãs é que fracassamos. Se tínhamos a idéia de que Deus nos impunha uma espécie de prova na qual poderíamos merecer passar por tirar boas notas, essa idéia tem de se ser eliminada. Se tínhamos a idéia de uma espécie de barganha - a idéia de que poderíamos cumprir a parte que nos cabe no contrato e deixar Deus em dívida conosco, de tal modo que, por uma questão de justiça, ele ficasse obrigado a cumprir a parte dele -, ela deve ser eliminada também.
Creio que quantos possuem uma vaga crença em Deus acreditam, até se tornarem cristãos, nessa idéia da prova ou da barganha. O primeiro resultado do verdadeiro cristianismo é o de reduzir essa idéia a pó. Quando a vêem reduzida a pó, certas pessoas chegam à conclusão de que o cristianismo é um embuste e dele desistem. Essa gente parece imaginar que Deus é extremamente simplório. Na verdade, ele sabe de tudo isso. Uma das intenções do cristianismo é justamente reduzir essa idéia a pó. Deus está a espera do momento em que você vai descobrir que jamais conseguirá tirar a nota mínima para passar nesse exame, e não poderá jamais deixá-lo em dívida.
Com isso vem outra descoberta. Todas as faculdades que você possui, sua faculdade de pensar ou de mover os membros a cada momento, lhe são dadas por Deus. Mesmo se dedicasse cada momento de sua vida exclusivamente ao seu serviço, você não poderia dar-lhe nada que, em certo sentido, já não lhe pertencesse. Logo, quando uma pessoa diz que faz algo para Deus ou lhe dá algo, é como se fosse uma criança pequena que interpelasse o pai e lhe pedisse: " Papai, me dê cinqüenta centavos para lhe comprar um presente de aniversário." É claro que o pai dá o dinheiro e fica contente com o gesto do filho. Tudo é muito bonito e muito correto, mas só um imbecil acharia que o pai lucrou cinqüenta centavos com a transação. Quando o homem descobre essas duas coisas, Deus pode realmente começar a agir. É depois disso que a verdadeira vida começa. O homem agora está desperto."

C.S. Lewis (1942). P. 190-191.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Eleições - Parte 4

Acabou (no Brasil, desta vez).. mas na verdade só começou!

Em vários sentidos: primeiro porque é agora que começa realmente o que importa - o governo dos eleitos! Até agora não fizeram nada, só prometeram, criticaram, prometeram, ofenderam, sorriram, prometeram. Na maior parte dos casos, promessas bem vazias, sem preocupação com a possibilidade de efetivação, orçamento, responsabilidade fiscal, etc. Até agora só o jogo político, acertos, troca de cargos, mas nada de concreto.

"Essa eleição foi marcada pela canibalização recíproca dos candidatos, pela tentativa de desconstruir os rivais desnudando seu passado e expondo seus aliados indesejáveis. Esse excesso de sangue na arena ofuscou os programas políticos, as propostas para os municípios. A maioria dos eleitores não sabe como sua cidade será administrada nos próximos quatro anos." Gaudêncio Torquato - Veja (29/10/2008)

A minha parte otimista me lembra que isso faz parte, é importante para a concretização de uma democracia madura. A minha parte pessimista me lembra que é verdade, faz parte, o problema é que as outras partes não tem participado muito (perdão pela redundância!).

Daqui a alguns dias os EUA terão suas eleições. Pelo menos, o dia 04 de novembro é a data oficial. Sabemos que em vários estados o processo já começou. E os debates acalorados entre Obama e McCain já se arrastam por semanas..

Ontem perdi a hora pra votar. Estava viajando, não cheguei a tempo, e hoje fui visitar o TRE para justificar.. Não sentirei muita falta, assim como não senti falta nenhuma de ter servido o exército ou como não sentiria falta nenhuma de declarar o imposto de renda. São obrigações, não convicções. Acredito que seja assim para a grande maioria da população. Uma pena, mas cansei de escrever e pensar sobre isso.. Eleição, graças a Deus, só em 2010. Até lá, vamos ver se alguém trabalha!!!

quinta-feira, outubro 16, 2008

Eleições - Parte 3

Momento "conversa de boteco":
"- O Obama vai ganhar, você viu?
- Pois é, tô torcendo por ele. Essa guerra do Iraque tem que acabar!! Já morreu tanta gente..
- É, e agora com essa crise das bolsas, o McCain não tem muita chance mesmo, né? Você viu o debate ontem na RecordNews?
- Não, preferi assistir o jogo do Brasil.."

Bem, apesar de o jogo do Brasil contra a Colômbia pelas Eliminatórias ter sido terrível, provavelmente o nosso amigo escolheu corretamente. Afinal de contas, ele não entende patavinas do que acontece no processo eleitoral americano e muito menos qual a relação entre uma guerra no Oriente Médio, o preço das commodities (se é que ele conhece essa palavra!) e a crise em Wall Street e nas bolsas de valores ao redor do mundo. É o tipo de informação que nada acrescenta para a maior parte das pessoas.

E este período do ano está sendo muito triste. Além da corrida eleitoral do segundo turno em muitas cidades do país (inclusive as três mais importantes e essa em que eu moro), as notícias giram também sobre crise financeira e eleição nos EUA, eliminatórias da Copa do Mundo de Futebol, seqüestro em Santo André. E a gente ouve cada calamidade da boca das pessoas! Se já não bastassem as crises, agora temos que conviver com as opiniões de todos os Zés.

Em nosso país, e em muitos outros com certeza, o acesso a informação é cada vez maior. Já temos há alguns meses o primeiro canal de telejornalismo 24h na TV aberta. Já tínhamos excelentes telejornais, jornais escritos, revistas, sites, etc. Mas isso não basta. Pessoas incapazes de relacionar e selecionar as informações recebidas não atingem os próximos degraus da compreensão. Apenas escutam e copiam opiniões. Dizemos que o brasileiro tem memória curta, e na hora da eleição percebemos exatamente isso: se o candidato a reeleição faz algo há 1 mês da eleição, quer dizer que ele governou bem, e não importa muito se ele passou o resto do mandato coçando! Ou pior...

Quando o Zé explicita uma opinião sobre a campanha eleitoral dos americanos ou seus motivos para votar em qualquer pessoa na campanha para vereador, fica evidente o quanto falta para que o Brasil atinja o nível de democracia que alardeia. Dar o direito de votar ao Zé não apenas é inútil quanto é irresponsável.

Mas não acredito que a solução seja tirar o direito ao voto, e sim capacitar os eleitores para o voto, a leitura, a análise, as escolhas. Quando tivermos um eleitorado que saiba procurar as informações relevantes, ler e entender o que lê, comparar as informações e as opiniões, neste momento saberemos qual é a vontade do povo em uma eleição. Só neste momento haverá uma "vontade". Enquanto isso, ganha quem tiver o melhor marqueteiro!

segunda-feira, outubro 06, 2008

Eleições - Parte 2

Bem, passamos da primeira parte agoniante das eleições municipais no Brasil. Hoje, segunda-feira, é dia de análises, comemorações, muita sujeira na rua, e um "gostinho residual" de ressaca.

As análises são feitas em todos os telejornais, jornais impressos, revistas semanais, nas conversas de boteco, pelos meus alunos e colegas na academia, no ônibus e em todos os outros lugares do país. E essa é uma das vantagens dessas eleições municipais. O país participa como um todo, afinal todos (sem exceção)tem interesse nos resultados. Cada pequeno município escondido teve suas campanhas, seu interesse, a angústia da apuração. Ouvi inclusive de um pequeno município aqui em Santa Catarina em que a "angústia" durou apenas 7 minutos. às 17:07 já se sabia o resultado! Maravilhas da Urna Eletrônica!

Mas não posso ficar satisfeito com a análise de boteco! Se o Zé (analfabeto, desdentado, pai de 11 filhos) acha que o resultado foi bom, porque o novo prefeito vai asfaltar a sua rua, tudo bem! Mas que os formadores de opinião embasem suas análises em fatores tão pequenos quanto esse, é inaceitável! E nós, podemos nos contentar com análises do gênero: "este rouba mas faz", "este pelo menos fez alguma coisa", "este tem influência no governo do estado / país, e via trazer algum dinheiro pra cá", "este é amigo da minha classe / igreja / profissão", "este é simpático", "este é amigo / marido / namorado / parente de fulano"???

Infelizmente, é basicamente só isto que tenho ouvido! Desde ontem, praticamente todas as pessoas que comentam as eleições fazem análises desse padrão!

Mas vou fazer duas perguntas relacionadas a eleição municipal. São difíceis e provavelmente complicam muito a escolha de um candidato. Mas sem a resposta a elas, é ridículo pensarmos em alguma utilidade para o processo eleitoral. Se os critérios para escolhermos um governante são tão inconsistentes, qual é a diferença entre nós escolhermos ou uma comissão eleitoral escolher? Em tese, a chance de acertar é praticamente nula! A menos que consideremos a possibilidade de uma comissão justa e imparcial: neste caso, a chance de uma comissão acertar aumenta exponencialmente! As nossas chances, no entanto...

As perguntas são: "Qual é o projeto de cidade que o candidato possui?" e "Quais são as minhas expectativas para a cidade?". Em geral, ninguém nunca respondeu a segunda pergunta de forma honesta. Ninguém parou para pensar quais são as necessidades do município e elencá-las pensando numa visão de médio e longo prazos. Se nunca respondemos a segunda, mesmo que algum candidato responda satisfatoriamente a primeira, quais são os critérios para escolhermos.

Já avançamos muito como povo brasileiro. Quero deixar claro que não defendo a volta ao colégio eleitoral, a ditadura ou qualquer forma de governo tipicamente sulamericana. Mas ainda estamos diante de um longo caminho! Colocar o exército nas ruas do Pará ou do Rio de Janeiro apenas prova que o trabalho de democratização brasileira ainda será longo. Eleger governantes que utilizam a máquina pública pra fazer campanha ou que só trabalham com afinco no último ano para serem reeleitos, provam o mesmo desafio.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Eleições - Parte 1

Bem, minha nova empreitada nas próximas semanas será discorrer um pouco sobre o processo eleitoral que se abate sobre o país no próximo domingo. Pode parecer que estou atrasado, mas não concordo. Passei as últimas semanas lendo e ouvindo muita coisa, e a minha discussão mental não se restringe ao primeiro turno das eleições municipais e nem mesmo à exclusividade do pleito no Brasil.

No próximo domingo, dia 5 de outubro, o processo eleitoral atinge o seu primeiro clímax no Brasil. Em Florianópolis, onde moro, já sabemos que haverá o segundo clímax, algumas semanas depois. E em muitas outras cidades a situação será a mesma. Além disso, o país mais rico do mundo também está passando pelo processo. Nos Estados Unidos, a eleição está marcada para o dia 5 de novembro, mas já começou em Ohio (loucuras de um sistema eleitoral bem confuso!).

Quanto à minha descrição inicial deste processo ("que se abate"), é isso mesmo que eu quis dizer. Não quero soar reacionário, amigo da ditadura, e nem socialista ou alguma bizarrice história do gênero. Mas não posso me abster da percepção de que o processo eleitoral brasileiro é ufanista mas não é democrático. Não em todas as suas conseqüências.

Um fator interessantíssimo (só pros teóricos do sistema!) é o nosso método representativo, em que você vota em um candidato e elege outro (ou outros!). Cada vez que voto em alguém para o Poder Legislativo (e isso ocorre em todas as eleições, infelizmente) a minha raiva é saber que o meu voto não é o que todos dizem! Eu, individualmente, não estou cooperando para definir a linha de raciocínio dos legisladores nos próximos 4 anos. Apenas dou a minha contribuição para a distribuição de cargos entre partidos tão iguais que passam a não fazer diferença. E, se isso é incompreensível para mim, imaginem para aqueles que não lêem e não compreendem o mundo a sua volta. Eles não vêem nenhum motivo para não vender seu voto ou não votar em qualquer mané com nome bonito e dinheiro no bolso. Na realidade, nem eu enxergo esses motivos, na maior parte do tempo!

Nos próximos posts quero enfatizar algo mais sobre o processo atual e suas discrepâncias, nacionalmente e principalmente aki na Grande Florianópolis, uma mistura sulista do caudilhismo portenho, coronelismo nordestino e uma esquerda fraquíssima, além dos aventureiros de sempre. Com a diferença que é uma região altamente promissora, com desafios pungentes para não perder o bonde.

quarta-feira, setembro 24, 2008

Quadrinhos 3 - Final

Falei nos últimos posts sobre a minha experiência com as HQs, e no fim de ambos insisti na falta que esse material tão interessante faz na sala de aula e na biblioteca de crianças e adolescentes.. Vamos aprofundar isso um pouquinho nesse último post.

Por que histórias em quadrinhos são boas opções para estudantes? E em que idade deve ser incentivada? Que tipo de conteúdo deve ser incentivado?

Primeiro de tudo, as HQs reúnem no mesmo momento a arte gráfica (as figuras que as crianças tanto valorizam) e a leitura (que nós queremos que as crianças aprendam a valorizar). Uma criança naturalmente sentirá atração por um projeto gráfico colorido e bem feito. Traços simples, histórias simples, com conteúdos interessantes, uma dose de humor e outra de pequenos detalhes de personalidade - uma receita utilizada pelo Maurício de Souza há 49 anos. Qual é a criança que não sentiria interesse em ler as aventuras da turma da Mônica, do Penadinho, do Papa-Capim, etc. Um testemunho pessoal: minha vó tem até hoje (todos os netos já são, pelo menos, adolescentes) um cestinho no banheiro com revistinhas da Mônica, dessas bem antigas, compradas em sebo. Quero saber qual dos primos que não lê uma histórinha toda vez que vai na vó... Eu leio!

Ou seja, com relação à idade, duas coisas precisam ser pensadas: o projeto gráfico e a complexidade do conteúdo. Na medida em que a criança aprende a ler e desenvolve seu senso crítico e até mesmo os outros conhecimentos (história, geografia, atualidades), é importante propôr novas opções, mais desafiadoras. Como fazer isso se não conhecemos e não lemos, e até mesmo achamos que isso não é literatura?

Outro caso lá de casa: meu irmão não gostava de ler quando era pequeno. Tinha muita facilidade na escola, mas não pegava em livros, achava muito chato, desmotivante. Certo dia, meio sem querer, ele pegou umas revistas do Super-Homem ou do Homem-Aranha, e começou a acompanhá-las, sabia todas as tramas.Hoje ele é um leitor tão compulsivo quanto o restante da família e lê, inclusive, HQs, mas não só... Um medo dos meus pais é que ele estacionasse nesse tipo de literatura, mas isso não aconteceu, porque novas opções foram oferecidas.

Uma outra possibilidade, para os mais velhos talvez, é a introdução às HQs em inglês, espanhol, italiano, francês, como forma de aprendizado em outro idioma. Os diálogos e as histórias não são tão complicados e há grande ajuda na compreensão por causa dos desenhos.

Por último, a escola falha sistematicamente em captar a atenção e o interesse de grande parte dos seus alunos. A causa: falta oferecer a eles algo que seja desafiador, diferente. E ensinar língua portuguesa, artes, história, geografia, pode muito bem ser diferente, desafiador, muito motivante. Basta que os materiais e os conteúdos sejam algo marcante para os alunos. Cabe ao professor buscar novas possibilidades, seja num parque, no laboratório de ciências, em frente ao computador ou na biblioteca.

Revistas em Quadrinhos podem ser muito mais baratos do que livros, e mesmo que não sejam (vai depender muito do conteúdo), são um investimento possível. É apenas mais uma ferramenta para o desenvolvimento dos alunos, mas uma ferramenta acessível e cheia de possibilidades.

sexta-feira, setembro 12, 2008

Quadrinhos 2

Hoje eu fui matar tempo numa livraria, obviamente. Tem certos costumes que é difícil perdermos, e nem sei se queremos perder. Este é um dos meus: tenho 10 minutos sobrando no centro, eu entro numa livraria, num sebo ou algo do gênero. Se Florianópolis tivesse sebos melhores e, quem sabe, bancas de revistas decentes, eu com certeza perderia a hora mais vezes...

Mas hoje eu passei uns 20 minutos procurando umas revistinhas, olhando o preço de algumas coisas. E descobri que ler quadrinhos é um hobby meio caro, pelo menos aki em florianópolis. Por quê? Se você não conhece Floripa: aqui não se encontra quase nada de qualidade nos sebos. E até existem alguns sebos, mas acho que eles sobrevivem apenas de vender playboys antigas e revistas de ponto cruz!!! É só o que se encontra em quantidade nesses lugares. E o pior: quem trabalha nos sebos não conhece nada, não sabe o que tem nas prateleiras, e, mesmo quando sabe, não conhece os autores, nunca leu nada!!!

E eu fui procurar histórias em quadrinhos nos sebos nos últimos dias.. Normalmente eu compro os TEX, mas queria ver se há outras coisas interessantes. Mas não achei!! Dae fui pra loja, ver quanto custam as revistas novas. E as lojas também não são das melhores, mas há bastante coisa interessante. E outra coisa que eu notei:há quadrinhos de todos os tipos, e sobre coisas totalmente diferentes!

Por exemplo: há os clássicos Tintim e Asterix; os ótimos e inteligentes Calvin e Mafalda (em edições de bolso, de luxo, coletâneas, e diversas outras opções); históricos como MAUS (uma história mto legal sobre o Holocausto); super produções como "300 de Esparta"; o incomparável (sou muito fã) Charlie Brown, o "Minduim"; e até coisas bem estranhas pro mundo dos quadrinhos, como a biografia de Nietzshe, uma adaptação de Em Busca do Tempo Perdido, de Marcel Proust, e uma versão "mais amigável" de Pai Rico, Pai Pobre.

Os quadrinhos são uma opção de escrita que vem sendo explorada nos últimos anos de uma forma bastante eclética, mas como em todo o mercado literário brasileiro, ainda há pouca divulgação e até mesmo valorização das obras. Não conheço praticamente nenhum professor que use esse recurso para instigar seus alunos no gosto pela leitura e na paixão pelo conhecimento. Nem mesmo tratam desse material tão rico nas aulas de artes ou de literatura! Como é possível ignorar uma manifestação tão antiga e tão atraente?

quarta-feira, setembro 10, 2008

Quadrinhos

Quadrinhos são histórias escritas de uma forma muito diferente, mescla de texto e imagem, charge e conto. Desde pequeno, dos tempos em que aprendi a ler, algumas revistas estiveram presentes: A Turma da Mônica e os DuckTales da Disney. Preferia as histórias de investigação do Mickey e as sujeirices do Cascão.

Um pouquinho mais velho, graças à Biblioteca Pública do Parque Edu Chaves, em SP, entrei em contato com os franceses Uderzo e Goscinny, autores de Asterix, e com o belga Hergé, autor de As Aventuras de Tintin. Nesse último caso, o interesse veio, na verdade, de uma série que passava na TV Cultura, no início da década de 1990. Com certeza eram histórias escritas há muitas décadas e com um cunho histórico bem definido, o que me interessava muito na adolescência, e interessa até hoje.

Na mesma época, início da adolescência, um amigo da escola me apresentou a Tex Willer, herói de faroeste, escrito pela Bonelli Editores, casa italiana. Um aparte: parece que os europeus em geral, e especificamente os italianos, tem uma grande predileção pelos quadrinhos de faroeste. Revistas mais caras, não encontradas nas bibliotecas, fui parar nos sebos. E descobri mais uma paixão: fuçar estantes carunchadas (ai da minha rinite!) atrás de gibis e outras preciosidades... Pena que em Floripa não as haja em tanta quantidade, nem com tanta qualidade.

Depois disso, passei por algumas fases mais DC Comics e Marvel, acompanhando algumas aventuras de super-heróis e descobrindo a arte de baixá-las da internet, quando o acesso ao exemplar é difícil ou caro. Mas não é a mesma coisa! Se baixar músicas ou filmes, em geral não afeta a experiência de apreciá-los, ler sempre é muito mais agradável quando há o toque com o papel e a tinta. Posso parecer muito conservador, mas precisamos lembrar que a arte do desenho e da escrita é a relação entre o homem, o pincel e o papel. Manter um blog e escrever por essa máquina tem suas vantagens, mas o papel ainda tem uma mágica insubstituível - e além da mágica tem também uma poeirinha e um cheiro que são clássicos (olha a minha rinite se manifestando novamente!).

Sobre as aventuras de super-heróis, foi uma fase bastante rápida, que logo passou à arte das tirinhas. E pra isso, a internet é bastante prolífica. Tem de tudo! Coisa boa, sites interessantes, e alguns muito chatos e toscos. Mas virou um bom passatempo garimpar e selecionar os bons cartunistas.

E, mais recentemente (no último ano), passei a me interessar pelos quadrinhos mais elaborados, especialmente os livros como "300 de Esparta" e "Maus". Aí já é um hobby bem mais caro, mas que envolve uma complexidade muito maior, tanto dos textos e dos temas, quanto da própria arte gráfica.

É uma arte ainda pouco explorada entre as crianças e adolescentes, talvez ainda fruto de um preconceito sobre o que seja a "verdadeira literatura" por parte de pais e professores. Mas o meu testemunho é que os quadrinhos foram uma parte importante no processo de me aproximar do universo da leitura.

sexta-feira, setembro 05, 2008

"Every day we make it, we'll make it the best we can."
Jack Daniel, o fundador da Jack Daniel's Tennessee Whisky
"Temos que nos libertar da pior forma de obscurantismo contemporâneo: aquela que procura nos persuadir de que nossa conduta no passado foi ou acertada ou inevitável. Não nos tornaremos mais sábios enquanto não aprendermos que muito do que fizemos era pura tolice." (Friedrich August von Hayek, 1899-1992 - economista austríaco)

sexta-feira, agosto 01, 2008

Última postagem em 27.05??? Mais de dois meses sem postar?? Que terrível.. tudo bem que está sendo um tempo bem corrido. Colocando no papel, é justamente o tempo desde a abertura da academia no Campeche (02.06.08), o meu novo desafio profissional - e ponha desafio nisso!
Mas agora eu sei que tenho que voltar a escrever. O que me despertou ainda mais foi uma palestra da qual participei na última segunda-feira sobre Blogs Profissionais e Corporativos. Este blog, obviamente, não tem nada de profissional, mas me interessei muito por investir em algo do gênero, o que seria um bom projeto profissional. Mas se eu não consigo me manter disciplinado nem para escrever aki, algo sem muitas conseqüências, além de ser terapêutico, imagine como seria em uma situação mais séria.
Estou tentando reformular a minha agenda, reservando uma noite para investir nos blogs e estudar. Na semana que vem já não vai funcionar, mas é uma questão de me disciplinar.
No próximo fim-de-semana (09/08) eu termino a pós-graduação, mais um passo na minha formação, e não terei mais a desculpa de que perco um fim de semana inteiro no mês, além do tempo que preciso estudar. Na verdade, agora se torna ainda mais importante me disciplinar e planejar bem a semana, porque será a primeira vez na vida em que não estarei estudando formalmente. Se não prestar atenção a uma rotina, não conseguirei mais estudar ou desenvolver nada.

A partir de agora, voltar a postar semanalmente, ok? É o desafio..

terça-feira, maio 27, 2008

A falta que o PC me faz...

Nunca fui viciado em computador.. nem em jogos, nem na internet, mIRC, MSN e coisas do gênero.. meu irmão até me "xinga" de vez em quando de Usuário, pq nem entendo muito também e acabo dependendo dele quando algo dá errado.. Já tá todo aloprado de trabalho, igreja, faculdade (quando sobra um tempinho..) e eu ainda enchendo o saco dele pq o meu pc tá com alguma zica!

Mas, desde janeiro, meu computador vem apresentando uns sintomas estranhos, possuído de algum "espírito" que não me deixa trabalhar. De vez em quando desliga do nada, perde arquivos, o som não funciona mais direito e talz. Dae o Rafa foi formatá-lo: no ato do backup perdemos alguns arquivos muito importantes!!! Não sei se foi ele, se fui eu, o que importa é que eram coisas insubstituíveis!!! Derrota 1

Não deu certo: continua a mesma porcaria de antes. Dae meu pai levou o dito cujo para a Fix, a lojinha que conserta essas joças!! E agora chegou o orçamento: Derrota 2 Ainda nem sei o que vou fazer...

Enquanto isso, tô aki no pc da mãe, me acostumando com tudo diferente, achando os sites que estavam no meu Favoritos, um dos diretórios que eu perdi, hehehe..

Resta rir e esperar.. quem sabe um dia voltarei a ter um pc que não trava quando eu tento abrir o MSN e o Media Player ao mesmo tempo???

quinta-feira, maio 15, 2008

A Lista - Oswaldo Montenegro

Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

terça-feira, abril 15, 2008

Perseverando

"...O olho do homem é feito de modo que se lhe vê por ele a virtude. A nossa pupila diz que quantidade de homens há dentro de nós. Afirmamo-nos pela luz que fica debaixo da sobrancelha. As pequenas consciências piscam o olho, as grandes lançam raios. Se não há nada que brilhe debaixo das pálpebras, é que nada há que pense no cérebro, é que nada há que ame no coração. Quem ama quer, e aquele que quer relampeia e cintila. A resolução enche os olhos de fogo; admirável fogo que se compõe de combustão dos pensamentos tímidos."
"Os teimosos são os sublimes. Quem é apenas bravo tem só um assomo, quem é apenas valente tem só um temperamento, quem é apenas corajoso tem só uma virtude; o obstinado na verdade tem a grandeza. Quase todo o segredo dos grandes corações está nessa palavra: - Perseverando. A perseverança está para a coragem como a roda para a alavanca; é renovação perpétua do ponto de apoio. Esteja na terra ou no céu o alvo da vontade, a questão é ir a esse alvo; no primeiro caso, é Colombro, no segundo caso é Jesus. Insensata é a cruz; vem daí a sua glória. Não deixar discutir a consciência, nem desarmar a vontade, é assim que se obtém o sofrimento e o triunfo. Na ordem dos fatos morais o cair não inclui o pairar. Da queda sai a ascensão. Os medíocres deixam-se perder pelo obstáculo especioso: não assim os fortes. Parecer é o talvez dos fortes, conquistar é a certeza deles. Podeis dar a Estêvão todas as boas razões para que ele não se faça apedrejar. O desdém das objeções razoáveis cria a sublime vitória vencida que se chama o martírio."

Hugo, Victor. Os Trabalhadores do Mar. (1866) p. 280-281.

sábado, abril 12, 2008

Why Does It Always Rain On Me - Travis

I can't sleep tonight
Everybody's saying everything is alright
Still I can't close my eyes
I'm seeing a tunnel at the end of all of these lights
Sunny days, where have you gone?
I get the strangest feeling you belong

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shinning I can't avoid the lightning

I can't stand myself
I'm being held up by invisible men
Still life on a shelf when
I've got my mind on something else
Sunny days, oh where have you gone
I get the strangest feeling you belong

Why does it always rain on me?
Is it because I lied when I was seventeen?
Why does it always rain on me?
Even when the sun is shining I can't avoid the lightning

Oh where did the blue sky go?
Oh why is it raining so?
It's so cold

terça-feira, março 18, 2008

Sobre a Beleza e Deruchette

Neste mundo, o lindo é o necessário. Há muito poucas funções tão importantes como esta de ser encantadora. Que desespero na floresta se não houvesse o colibri! Exalar alegrias, irradiar venturas, possuir no meio das coisas sombrias uma transudação de luz, ser o dourado do destino, a harmonia, a gentileza, a graça, é favorecer-te. A beleza basta ser bela para fazer bem. Há criatura que tem consigo a magia de fascinar tudo quanto a rodeia; às vezes nem ela mesmo o sabe, e é quando o prestígio é mais poderoso; a sua presença ilumina, o seu contato aquece se ela passa, ficas contente, se pára, és feliz; contemplá-la é viver; é a aurora com figura humana; não faz nada, nada que não seja estar presente, e é quanto basta para edenizar o lar doméstico; de todos os poros sai-lhe um paraíso; é um êxtase que ela distribui aos outros, sem mais trabalho que o de respirar ao pé deles. Ter um sorriso que - ninguém sabe a razão - diminui o peso da cadeia enorme arrastada em comum por todos os viventes, que queres que te diga? É divino. Deruchette tinha esse sorriso. Mais ainda, era o próprio sorriso. Há alguma coisa mais parecida que o nosso rosto, é a nossa fisionomia; e outra mais parecida que a nossa fisionomia, é o nosso sorriso. Deruchette risonhoa, era Deruchette.

Hugo, Victor. Os Trabalhadores do Mar. (1866) p. 66.

Sobre Deruchette

"O corpo humano é talvez uma simples aparência, escondendo a nossa realidade, e condensando-se sobre a nossa luz ou sobre a nossa sombra. A realidade é a alma. A bem dizer, o rosto é uma máscara. O verdadeiro homem é o que está debaixo do homem. Mais de uma surpresa haveriua se se pudesse vê-lo agachado e escondido debaixo da ilusão que se chama carne. O erro comum é ver no ente exterior um ente real. Tal criaturinha, por exemplo, se pudéssemos vê-la como realmente é, em vez de moça, mostrar-se-ia pássaro."

Hugo, Victor. Os Trabalhadores do Mar. (1866) p. 65.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

A Cidade do Sol

Usualmente eu não torço pelos finais felizes. Nada contra, mas são pouco interessantes, irreais mesmo. Mas é claro que uma boa história, com um bom argumento e elementos surpreendentes não se torna ruim apenas por terminarem bem!
De qualquer maneira, existem histórias tão tocantes que provocam em minha mente uma verdadeira torcida. Livros e filmes que de tão tristes, trágicos ou reais pedem um desfecho mais ameno!
É o caso deste livro, de Khaled Hosseini (autor de "O Caçador de Pipas", que eu não li, nem vi o filme). Me flagrei hoje lendo com uma angústia, torcendo mesmo pelas personagens. Poucos livros tem me entretido tanto! Infelizmente me entretem justamente por ser tão real, tão triste e tão próximo.