quarta-feira, dezembro 08, 2010

Tarantino's MInd

Tarantino's Mind - Seu Jorge e Selton Mello

O que o cristão deve querer da vida? [parte 2]

Continuando (agora no laptop da minha irmã, com gesso até o joelho) o post de ontem, é importante relembrar que a prioridade do cristão, seja em que área for, é o Reino de Deus. A Bíblia é pródiga em repetir isso das mais diversas maneiras, em parábolas, em falas bem diretas de Cristo, no testemunho dos apóstolos, profetas e de cada pessoa comum citada. Quando a noção de Reino de Deus era paralela com a de Reino de Israel, ficava mais fácil compreender, talvez até confundir com algum tipo de patriotismo, com homens e mulheres se comprometendo até a morte com o Povo Escolhido. Mas a partir da vinda de Cristo, tudo se tornou mais amplo, mais complexo, e ao mesmo tempo mais simples e mais profundo na vida de cada crente.
O cristão, em sua visão de mundo inspirada pelo Espírito Santo, percebe que a realidade como a conhecemos com os sentidos é apenas uma parte do que existe, e compreende melhor a relação entre os acontecimentos cotidianos e o projeto arquitetado por Deus "antes da fundação do mundo". Ao mesmo tempo, se percebe como um ser mais importante e relevante, justamente em virtude de ter sido escolhido e preparado pelo próprio Deus para atuar e abençoar o que existe a sua volta.
E daí, onde entra o trabalho, as aquisições (carro, casa, moto, casa de praia), o lazer, o casamento, os filhos e tudo o mais? Como aplicar "o Reino de Deus e a sua justiça" a todas essas questões, tão prioritárias, pelo menos em nossa sociedade? E até onde são verdadeiramente prioritárias, do ponto de vista de Deus?

Mais elucubrações (!!) no próximo post

Intervalo

Após o post de ontem a noite, fui jogar bola... cerca de meia hora de jogo, em uma dividida, virei o pé e ouvi o estalo... fui pra clínica na mesma hora: rompi o ligamento fibulo-talar anterior do tornozelo direito.. o mesmo ligamento que rompi em 2003 no pé esquerdo, jogando handebol durante um JINEF.. Agora tô com o pé imobilizado, pra cima, de atestado.. na sexta ou no sábado volto a trabalhar, mas pela metade, hehe.
"Assim é, pq a Deus aprouve. Apenas glorifiquemos, adoremos o nome sobre todo nome. Louvado seja Deus." No Twitter, pelo @gabribelo.

terça-feira, dezembro 07, 2010

O que o cristão deve querer da vida?

Nessa série de posts, estou querendo pensar a vida do que poderia ser chamado o "cristão médio". Não o cristão medíocre, mas o que não está incumbido de nenhum dos tais "ministérios de tempo integral" (pastor de igreja, missionário transcultural, plantador de igrejas, etc.). Até essas nomenclaturas são falsas e pouco representativas da realidade da vida cristã: todo cristão tem um ministério de tempo integral. Afinal, o que é o trabalho da mãe que fica em casa durante anos, ensinando suas crianças no caminho? ou do líder jovem que acompanha seus colegas na universidade, nas escolas, no princípio de sua vida profissional? Como podemos não lembrar que cada papel social de um cristão já é seu próprio ministério, ou seja, a responsabilidade que lhe foi imputada por Cristo?
Voltando ao início, o cristão médio é justamente esse que tem incumbências profissionais, desafios em sua própria casa, relacionamentos de amizade, um casamento, filhos, pais, etc., e que está envolvido 24 horas por dia, 7 dias por semana com essas atividades. Ao mesmo tempo é um cristão que, enxergando além das necessidades mais próximas, também atua em uma comunidade organizada, se responsabiliza por certos "serviços" em sua igreja. Ou seja, o cristão médio é aquele que compõe a imensa maioria das nossas igrejas mas, ao mesmo tempo, se diferencia da massa por ser comprometido e enxergar a mesma coisa, tanto na igreja quanto na sua rotina "secular", a saber: as pessoas no meio das quais Deus o colocou e às quais deve servir, como se fosse ao próprio Deus.
Não é uma compreensão que seja senso comum no meio das igrejas; pelo contrário, a prática mais presente entre os evangélicos (e completamente antibíblica) - por mais que muitos não a verbalizem - é a de que a vida cristã se resume às atividades realizadas na igreja, ou no domingo, ou no fim de semana e nas reuniões de oração de quarta-feira, etc. Para esse crente, as atividades profissionais, ou a forma como ele conduz sua vida afetiva ou familiar é assunto privado, ninguém deve se meter. Seja porque o mercado é muito voraz e não comporta os princípios de amor ao próximo e justiça tão radicais pregados na Bíblia, ou porque ninguém deve por o dedo em brigas (e decisões) de marido e mulher.
Justificativas são muitas, mas pensar a vida do cristão, suas prioridades e seus princípios só é válido se enxergarmos a vida do cristão como um todo, em que Deus vai tocar de segunda a segunda, em cada ambiente, cada decisão, cada aspecto. Deus não quer 10% do meu salário e não quer 1/7 do meu tempo, Deus quer 100% e não aceitará menos do que isso!!

Daqui a pouco tem mais... Abraços.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Pedido..

Pros milhares de leitores desse blog:

Eu sei que não são muitos, mas gostaria de pedir um favorzão: se manifestem, pelo menos uma vez, nos comentários, pra eu saber quem são.. eu tenho sido muito relapso em escrever, muita correria no trampo e com as coisas do casório e da igreja, mas prometo continuar por aki...

Abraços a todos...

sábado, novembro 06, 2010

On The Road

"...gosto de muitas coisas ao mesmo tempo, e me confundo inteiro, e fico todo enrolado correndo de uma estrela cadente para outra até desistir. Assim é a noite, e é isso que ela faz com você, eu não tinha nada a oferecer a ninguém, a não ser minha própria confusão." (p. 161)

"Algo, alguém, algum espírito nos perseguia, a todos nós, através do deserto da vida, e estava determinado a nos apanhar antes que alcançássemos o paraíso. Naturalmente, agora que reflito sobre isso, trata-se apenas da morte: a morte vai nos surpreender antes do paraíso. A única coisa pela qual ansiamos em nossos dias de vida, e que nos faz gemer e suspirar e nos submetermos a todos os tipos de náuseas singelas, é a lembrança de uma alegria perdida que provavelmente foi experimentada no útero e que somente poderá ser reproduzida (apesar de odiarmos admitir isso) na morte. Mas quem quer morrer?" (p. 159)

quinta-feira, outubro 21, 2010

Cansaço

Não é algo que escrevi hoje, mas há algumas semanas. Vale registrar:

Estou muito cansado. Fisicamente? Com certeza, o feriado foi pesado, gostaria de ter passado mais tempo na frente da TV,  ou lendo. Gostaria de ter acordado mais tarde, ter dormido mais cedo. A semana "útil" recomeçou e ficou a sensação de que faltou feriado para descansar!
Mas o cansaço físico tem o efeito de potencializar o cansaço mental. Quanta coisa ocupando a minha cabeça. Com certeza não era isso que Jesus tinha em mente quando falava sobre desejar uma só coisa! Casamento, apartamento, ministério com os jovens (e todas as programações decorrentes), a escola dominical, aulas nas 2 escolas, o trabalho na academia, a APP, a eleição de diretores, a minha vida financeira, as contas para pagar... Poxa, que exercício fácil e assustador elencar todas as preocupações que se revezam na minha vida. Nessas horas que percebo a pertinência do título desse blog.
Mas a razão desse exercício não é reclamar. É perceber, mais uma vez, algumas coisas:

- Eu preciso aprender definitivamente a dizer NÃO para aquilo que está fora do rumo que eu tracei para a minha vida;
- Eu preciso orar mais, colocando diante de Deus as minhas ansiedades, ao invés de me enterrar nas atividades, nos compromissos e nas preocupações, deixando de orar;
- Eu preciso valorizar e aproveitar as horas que tenho pra dormir. Sinto muito a falta delas durante o dia;
- E, por último, eu preciso aprender que não entregar algo no prazo, em geral, não é crime, por mais que seja desagradável. Tem hora que é necessário aceitar que "não dá!". Economizaria muita ansiedade e pouparia a mucosa do meu estômago.

Bem, tô registrando isso hoje, e lembrei disso porque o corpo tá cobrando nos último dias... tô doente de novo..

segunda-feira, outubro 11, 2010

Sábado de Sol

Sábado, 09 de outubro de 2010, 7:40 da manhã, tô sentado numa pedra à beira-mar, Jurerê Internacional. Ouvindo Dave Matthews, REM e Radiohead, contemplando o mar com suas pequenas ondas perfeitas, uma bóia amarela próxima ao costão. O sol já está alto mas é o vento frio que me mantém acordado. Muitas nuvens e a expectativa se vai ou não chover.
De um lado, gente trabalhando desde cedo no P12, hoje tem festa. Na areia, os atletas amadores correndo ou caminhando, sozinhos ou acompanhados, sempre em silêncio, respeitando a manhã, seus passarinhos e a música das ondas.
Ao meu lado, o barco do pescador, inerte, descansando na areia. Longe, no horizonte, no meio da baía, outro pesqueiro trabalha tranquilo (mas quem sabe?).
E eu aqui, observador, mas com mil pensamentos e ansiedades, tentando, relutando para deixar tudo na mão de Deus. O mesmo Deus que mantém as ondas, o vento, as nuvens, os barcos, os peixes.
E tudo iso era para ser apenas um feriado...

segunda-feira, setembro 20, 2010

6 Aleatoriedades sobre mim

Vi a proposta desse meme no blog da Carol.. achei legal então ae vai:

1. Eu compro livros e pego livros na biblioteca e depois não leio... Faço isso diversas vezes, principalmente porque tenho sempre muitas coisas pra ler!!

2. Adoro me meter em todas as programações, quero ajudar na organização, sempre acho que devo contribuir... e sempre me arrombo!! Invariavelmente acumulo mais coisas do que deveria, e me meto em roubada!! Quem percebe isso antes de mim? A Sara e a minha mãe...

3. Adoro crianças, trabalho com crianças, e quero ter filhos. Mas uma coisa que me deixa muito enjoado é ver uma criança ramelenta!!! Meu Deus, cadê os pais desse infeliz???

4. Sou viciado em ideiar... tenho um caderno só pra anotar idéias (nem todas são muito boas, obviamente). Só não consegui ainda arranjar uma maneira de ganhar dinheiro com essas idéias!!

5. Não vejo graça nenhuma em frases de efeito, citações, etc.. Se tá fora do contexto, uma frase não diz nada!!

6. Não faço a mínima idéia sobre em quem vou votar... e me sinto mal por isso!!

terça-feira, julho 20, 2010

Fotografia

Planejamento: casamento. Data: só Deus sabe (e não é porque eu queira enrolar, é só que não tem nada definido mesmo). Férias de Julho: uma das metas é atualizar o álbum de fotos do orkut. Tarefa: organizar as quase 2400 fotos que tenho no computador, selecionar as melhores, mais representativas. Fácil não é, mas tem se mostrado bem divertido!
Foto é uma coisa interessante... não tenho máquina (só a do celular) mas sempre sonhei em ser um bom fotógrafo, ter sensibilidade pra captar os momentos, tirar fotos com qualidade. Tenho amigos com esse talento e máquinas fenomenais. Em parte a culpa pelas 2400 fotos é deles. Mas tenho uma amiga especial, excelente fotógrafa - a Sara. Temos que comprar uma boa máquina pra ela. E antes de casar. Perder esses momentos está fora de questão.
Foto, como eu vinha dizendo é algo interessante. Capta certas nuances, certos detalhes quem ninguém mais capta. E se o vídeo captar, nós não percebemos, na maioria das vezes em que o assistimos. Pois é, toda vez que fuço um álbum vem aquela nostalgia, um certo aperto por ver gente que está longe, por lembrar de tempos bons e difíceis, por lembrar de como éramos e de como nunca mais seremos.
Ganhamos um pouco com a tecnologia (sempre é assim): facilidade e baixo custo para fotografar, agilidade para armazenar. Perdemos um pouco com a tecnologia (sempre é assim, também): banalizou! Ficou tão fácil tirar milhares de fotos e nunca mais olhar pra elas, ficou tão fácil perdê-las se o HD fundir e você não tiver backup...
Mas por que eu falei sobre casamento lá no começo? Seguinte: fico olhando pra nossa história, tudo que já passamos, como mudamos nesses quase 4 anos... E olho pra frente, como iremos ver as fotos que tiramos hoje... Fotos são lampejos, são instantâneos de uma história. Não paramos nelas, mas servem pra nos mostrar a passagem do tempo...

segunda-feira, julho 19, 2010

Meus Passos

Uma das melhores produções de uma banda evangélica na história brasileira, o álbum Depois da Guerra (2008), do Oficina G3, apresenta virtuose, boas letras, um ótimo vocalista estreante na banda (Mauro Henrique), e o bom e velho Juninho Afram nas guitarras, vocais e arranjos.

Essa música é mais do que uma ótima produção. A letra se baseia no texto de Paulo sobre a sinuca de bico em que estamos, todos os dias..

Por que os meus olhos só querem ver o que
não devo olhar, eu não quero ver?
Por que que os meus pés só querem ir
Onde não devo andar, eu não quero ir?
Não quero, mas isto é o que somos nós
Por que num momento eu amo e depois
Simplesmente não, eu não quero mais?
Por que que com uma das minhas mãos eu dou
E com a outra mão eu quero tirar?
Não quero, mas isto é o que somos nós
O bem que eu quero
Esse eu não faço
O mal que não quero
Persegue os meus passos
Por que é difícil manter o alvo e
Fácil se perder, querer desistir?
Por que que ao ver o mundo se afundar
Eu não estendo a mão, não quero ajudar?

quarta-feira, junho 09, 2010

Copa do Mundo 2010

A Copa é um acontecimento interessante. Talvez mais interessante pelas repercussões mundo afora do que pelo futebol apresentado pela maioria das seleções. Sociologicamente interessante, eu diria. Porque ressoa uma série de opiniões e situações que de outras formas não são levadas em conta. Vou me expressar melhor:
Quando a Copa do Mundo se aproxima, os comentários brasileiros na internet (blogs, sites esportivos, twitter, etc.) focam normalmente na lista dos convocados da nossa seleção, algo um pouco inútil mas dá "pano pra manga" nas discussões de bar. A sua opinião sobre o futebol (medíocre e feio) do Josué pode ser muito balizada, mas não faz a menor diferença na hora de o Dunga definir a lista dos 23 sortudos que vão disputar o torneio!!!
Outro assunto que toma conta dos coments é a situação econômica-política-sociológica do país sede. E claro que isso não acontece só em tempos de Copa. Quem não se lembra dos arquivos ppt. e dos emails furiosos sobre a tortura na China durante as últimas Olimpíadas ou sobre a violência e as favelas cariocas nos Jogos Panamericanos de 2007. Agora é a vez da AIDS, desemprego e apartheid na África do Sul. Eu apenas me surpreendo com a quantidade de gente que realmente acredita que, sem um evento esportivo dessa magnitude, o dinheiro que está sendo investido nos estádios iria beneficiar a população de alguma outra maneira!! Ranço de uma mentalidade assistencialista tipicamente brasileira.
Outra opinião que todo mundo ouve (e a maioria já expressou alguma vez) é: "Que absurdo o salário que esses jogadores ganham!". Bem, não deixa de ser verdade.. muitos jogadores que participarão da Copa recebem salários astronômicos, cifras que nenhum de nós, simples mortal, tem a menor noção da grandeza. Mas por que temos essa tendência a condená-los por isso? Seria por algum acaso um crime deles, ou uma falta, ser bem remunerado por algo em que você é único? Quantos mais no mundo tem a habilidade e a inteligência tática de um Kaká? Será que as leis de mercado estão tão equivocadas quando se define que o passe dele vale 65 milhões de euros, e que o salário que ele merece receber equivale a 9 milhões de euros por ano? É um dinheiro fora da minha realidade, mas se alguém está disposto a pagar, não seria porque o talento do Kaká produz muito mais do que isso? Podemos conversar sobre economia e criticar a bolha criada no futebol europeu e até onde é sustentável. Mas não podemos esquecer o mérito de um craque talentoso. E poderíamos estrapolar essa conversa para a situação de mais uns 30 ou 40 jogadores que disputarão a Copa da África do Sul.
Basicamente, o que defendo aqui é que as "discussões de bar" são exatamente isso: senso comum, manchado com uma série de pré-conceitos, repetidos e espalhados através da internet ou do boca-a-boca, normalmente guardando pouquíssima relação com a verdade. Além disso, são fomentadas cada vez mais por "comentaristas" pouco comprometidos com a realidade e a credibilidade das informações, e muito comprometidos com a polemização. Perde o leitor/telespectador que se fia nessas "opiniões".

sexta-feira, junho 04, 2010

4 anos de formado

Estou completando no próximo mês o aniversário de 4 anos da apresentação do meu TCC na UFSC. Aquele foi um tempo estranho, pelo qual passei com muita expectativa e alguma dificuldade, mas acima de tudo foi o coroamento de um tempo muito bom na graduação. Hoje, anos depois, acredito já ter o distanciamento suficiente para fazer uma análise do meu aproveitamento e dos encaminhamentos que a minha vida tomou a partir daquele mês de julho.
Inicialmente, hoje eu tenho bastante clareza dos limites do meu curso de graduação em Educação Física. Não apenas do meu limite como estudante, pensamentos do gênero: "eu deveria ter aproveitado mais" ou "se eu tivesse uma nova oportunidade teria feito diferente". É claro que teria feito diferente, ninguém seria tão burro de cometer os mesmos erros na mesma ordem nas mesmas circunstâncias. Mas não faço idéia se teria sido melhor ou pior, e isso não faz mesmo diferença. A idéia é avaliar as condições do curso em si, se atendeu ao que se propôs.
Quando entrei na faculdade, eu tinha uma idéia da profissão, uma idéia absolutamente limitada. Acreditava que ao me formar eu iria dar aulas em um escola. Não pensava muito na condição financeira que isso me daria, ou nas outras possibilidades. Nunca fui muito empreendedor e naquela época, aos 19 anos, não tinha a menor idéia das possibilidades que se abrem e dos desafios da minha profissão. E a faculdade nunca fez nenhuma questão de me mostrar essas situações.
Então, para elencar alguns limites do curso (e não falo só da Educação Física, talvez possamos generalizar bastante):
1. Os professores, em sua maioria, não tem o menor compromisso com a formação dos seus alunos. São funcionários públicos, muito preocupados com suas promoções e com a política do departamento. Raramente são comprometidos até mesmo com a sua área de estudo e atuação.
2. Os professores, em sua maioria, nunca atuaram profissionalmente fora da universidade. Pode não parecer tão importante em determinadas áreas / disciplinas, que são consideradas mais "científicas" ou "de base". Descobri que não é verdade. Professores que não conhecem a atuação profissional não valorizam o mérito, não sabem aplicar seu conteúdo e nem mesmo explicar sua importância e relevância. Estimulam alunos que produzem trabalhos desconectados da realidade e que esperam reconhecimento por algo inútil ou desqualificado.
3. A estrutura da universidade é lenta, paquidérmica. Não acompanha a necessidade da sociedade e, na verdade, grita para todos os lados que não liga a mínima. Demora anos modificando um currículo para, ao aplicá-lo, descobrir que já está totalmente desatualizado da realidade local da profissão.
4. Os alunos não fazem a menor idéia do que estão fazendo ali. E quando digo isto, reconheço que parte da culpa é dos alunos, mas grande parte é da própria universidade e dos professores, pelos 3 motivos que citei acima. Uma instituição que trabalha desvalorizando o mercado de trabalho, distanciada dos profissionais egressos, não pode mesmo contribuir de forma consistente para a transformação deste mercado.
Pode parecer que estou frustrado com a minha profissão, lamentando a formação que recebi. Pois é justamente o contrário. Hoje, após 4 anos de "carreira" (na verdade, posso considerar pelo menos 8 anos, tendo em vista os estágios), finalmente assumi o direcionamento das minhas ações, e tenho alguma clareza sobre a situação da minha profissão em Florianópolis e no Brasil. Finalmente consigo enxergar para além dos preconceitos a que os professores insistem em chamar de marxismo, socialismo, dialética ou qualquer outro rótulo.
Ser um profissional em qualquer área, especialmente quando se tem a expectativa de me tornar eu mesmo um professor, exige compreensão de mundo e comprometimento com um projeto. A universidade nunca falou sobre isso. Na verdade, propaga uma compreensão de mundo viciada, e se compromete (apenas da boca pra fora) com um projeto que os alunos não compreendem e com o qual não compactuam. Quando o estudante se forma, encontra um mundo muito diferente do preconizado pela academia, precisando fazer dinheiro, conhecer pessoas, empreender....  mas não faz a menor idéia de como fazer isso. A conclusão é triste, pois muitos saem de suas áreas de formação, outros correm para concursos públicos, outros tantos se mantém na academia, entre mestrados, doutorados, extensões, e se tornam professore universitários, perpetuando as limitações da formação inicial da área.
Mas eu tenho uma proposta: profissionais que encontraram o caminho, que, após "camelarem" bastante, construíram uma carreira, invistam nos outros profissionais, naqueles que estão chegando. Não se acomodem, não se esqueçam de quem, como aconteceu com vocês, está caindo de pára-quedas no meio da batalha, sem saber de nada, sem conhecer ninguém....

domingo, maio 09, 2010

O Milagre da Linguagem

"Ao ler estas palavras, você estará participando de uma das maravilhas do mundo natural. Pois você e eu pertencemos a uma espécie com uma característica notável: podemos dar forma a eventos nos cérebros de outras pessoas com extrema precisão...essa capacidade é a linguagem. Simplesmente por fazermos barulho com nossas bocas, podemos com confiança fazer com que surjam novas combinações de idéias nas mentes de outras pessoas. Essa capacidade surge tão naturalmente que tendemos a esquecer quão milagrosa ela é."
Pinker, 1997.

quarta-feira, maio 05, 2010

Conto

Kevin buscava compreender tudo que se passava na cabeça de Jana. Não era fácil. Garotas têm o péssimo vício de não se parecerem em nada conosco. Kevin ainda não sabia disso. Jana era bonita, simpática, culta o suficiente para uma boa conversa, agradável. E era sua namorada havia cerca de um ano. Kevin não era tolo, mas dizer isso de um garoto, 20 anos, é quase como não dizer coisa nenhuma.
Ele tentou entender o motivo das últimas brigas. Na verdade, ele tentou ler nas entrelinhas. Os motivos visíveis eram as bobeiras de sempre: as roupas dele, os horários em que ele chegava (atrasado demais, cedo demais), o jeito que ele olhou para a Vitória, e coisas desse gênero. Tudo o que ele queria era não brigar, não se estressar. Mas quem disse que ele poderia querer alguma coisa.. nem ele sabia!
Então um dia ele tentou conversar sobre isso. Quem deu essa brilhante idéia? Conversar foi a mesma coisa que pedir pra piorar. Mas quem conversou alguma coisa? Aquilo poderia ser chamado de conversa, por algum acaso? Sair de um diálogo sem nem saber o que pensar ajudou em algo?
Mas poderia ter sido pior: ela poderia ter acabado tudo, ele poderia ter dito algo irreversível. Não aconteceu, ou pelo menos ele não lembra de nada assim. Se aconteceu com certeza será lembrado na próxima discussão, não há dúvida.
Por enquanto, ele até fica satisfeito. Jana continua sendo sua namorada, não precisa mudar nenhum perfil, explicar nada para ninguém, sair a procura de outra. Até quando? Ele prefere não pensar muito sobre isso, acha que a simples menção acabaria estragando tudo o que ainda existe. E ele nem imagina a possibilidade de voltar a conversar isso com ela.
Daqui a pouco ele tem que sair, ela estará esperando pra irem a uma festa. Ele não quer ir, não conhece ninguém lá, odeia pagode, e churrascos feitos por universitários normalmente tem uma aparência grotesca. Mas ela pediu... então, por que não ir?

quarta-feira, abril 14, 2010

AVENTURA - Parte 3

Agora, gostaria de escrever sobre um aspecto que tem tudo a ver com a minha área de atuação: o Esporte. Não o vejo como a solução dos problemas dos homens, muito menos como uma salvação para a humanidade, como gostam de vender as emissoras de televisão e alguns profissionais da área. Mas a associação entre a frustração / ansiedade masculina e o esporte (assistência e prática) podem lançar uma luz sobre a mente masculina e a forma como temos lidado com nossas angústias. Essas idéias não são originais minhas, obviamente, mas me identifico muito com elas, porque explicam a fascinação que os esportes despertam nos seres humanos.
Primeiramente, o esporte tem um papel importante para aqueles que o praticam. É mais do que uma profissão, é mais do que um modo de ganhar dinheiro: é um forma de despertar e libertar algo que a civilização exige que fique guardado - a agressividade. Dentro do campo, do ginásio ou da piscina, há um espaço socialmente aceito para a transgressão dessa passividade. Ali, durante alguns minutos, o homem poderá (e será cobrado por isso) dar o máximo da sua capacidade física e emocional em favor de seus companheiros e de uma bandeira (seja do seu time ou do seu país). Há um comprometimento visceral entre esses homens, mesmo que sejam adversários. O esporte é, por assim dizer, a guerra em uma forma socialmente aceita. Há um código de conduta bem definido, algo que se perdeu nas guerras ocidentais. Para se ter um exemplo disso, podemos lembrar dos All Blacks ou dos Ice Blacks, as seleções da Nova Zelândia no rugby e no hockey, respectivamente. Ambos os times tem a tradição de desafiar as seleções adversárias com o Haka, uma espécie de dança de guerra tradicional da cultura maori. É tão intimidante quanto deve ser enfrentar um exército.
Do lado de fora do campo de jogo, seja pela televisão / rádio ou na arquibancada, temos uma massa que assiste e torce por uma equipe, ou seja, que se identifica com determinada bandeira e enxerga os atletas como guerreiros. Entoa cantos de guerra, hasteia bandeiras, sofre, chora, grita, e desenvolve uma irmandade, mesmo que momentânea com quem está ao seu lado, envolvido com o mesmo time. Vemos isso a cada 4 anos, na Copa do Mundo de Futebol, mas também em cada ginásio deste país, em competições de vôlei, ou nos campos dos esportes profissionais ou amadores ao redor do mundo todo. No Brasil, época de Copa do Mundo é um período em que mais nada é tão importante: trabalhos, estudos, política, tudo fica para trás, a fim de acompanharmos nossos representantes lutando do outro lado do mundo, por um troféu que nunca tocaremos.
Definitivamente o esporte encontra eco no vazio que o homem sente quando se depara com a própria rotina e suas próprias frustrações. É um mecanismo de compensação aceitável para tudo aquilo que o homem tem necessidade: realização, poder, desafios, aventura.
Infelizmente, ainda temos a enorme dificuldade para controlar os instintos, mesmo no esporte. A violência nos estádios brasileiros, a história dos hooligans, e tantos outros casos escabrosos, demonstram que o esporte não é a solução do problema do homem. A solução nós já sabemos qual é: Jesus Cristo. Mas tanto o esporte quanto outras formas de aventura, são necessários para que o homem vença sua própria passividade e torne-se mais completo, sinta-se homem de verdade.

AVENTURA - Parte 2

Algo está faltando ao homem. Fico pensando na rotina do macho típico do nosso tempo: 8 ou 10 horas de trabalho por dia, geralmente sedentário, em frente ao computador, colado ao telefone, sob enorme pressão. Ainda assim, tem sempre pouco dinheiro, perde muito tempo no trânsito, não viaja ou passeia para lugares diferentes. tudo o que conhece do mundo se resume às imagens da televisão. E normalmente demonstra um grande cansaço e desânimo.
Note-se ainda a distância entre o adolescente motivado, "cabeça-de-vento", ousado e sonhador, e este homem adulto. Provavelmente sejam a mesma pessoa, apenas com um pequeno intervalo de 5 ou 10 anos.
Acredito que essa frustração decorra de algumas necessidades não satisfeitas. Uma delas, a necessidade de movimento - o corpo foi feito para se mexer, a falta de ação afeta músculos e mente. Também falta ao homem a certeza da sua identidade / papel / importância no meio em que vive, seja na família, no trabalho, na sociedade. O fato de dedicar-se a ocupações burocráticas, que o afastam do convívio com seus queridos durante longas horas, atestam na sua mente que tornou-se descartável e substituível, desnecessário e, em última instância, inútil.
Despender a maior parte da vida em uma ocupação que não lhe é significativa também contribui sensivelmente para essa insegurança com relação a sua própria identidade.
Portanto, quais são as consequências evidentes que decorrem dessa frustração: excesso de agressividade, mesclada com momentos de passividade, arroubos de violência e crises de depressão. E pode ultrapassar os arroubos e momentos, tornando-se patologias graves e com necessidade de acompanhamento médico e tratamento farmacológico. E não é isso que temos vista diariamente? O boom nas vendas de anti-depressivos e ansiolíticos, a enorme procura por tratamentos psiquiátricos, o aumento das doenças psicossomáticas, os comportamentos suicidas e rebeldes.

Definitivamente, há algo muito errado com os homens...

AVENTURA - Parte 1

Observando outros homens ao meu redor, algo me chamou a atenção. Principalmente pela altíssima prevalência, nos diversos ambientes que frequento ou frequentei nos últimos tempos: igrejas, escolas, universidades, academias de musculação, etc. Esse "algo" é o seguinte: uma visível frustração entre os homens mais velhos e uma ânsia que consome os mais jovens. Digo também por mim - experimento em muitos momentos tanto uma quanto outra.
Frustração e Ansiedade apresentam-se em conjunto com outro fenômeno: a presença cada vez mais marcante nas artes e na mídia de temas relacionados a aventuras. É claro que isso não é novidade: desde sempre as guerras de Davi e Josué ou os relatos de Marco Polo encantam a humanidade. Na verdade, luta e guerra são temas que povoam a literatura e os devaneios masculinos, fazem parte da nossa natureza.
Mesmo assim, me surpreende o resultado que estes temas tem provocado no homem do nosso tempo. Vejamos quais personagens ou histórias mais têm chamado a atenção dos homens dos séculos XX e XXI:
- Histórias em Quadrinhos que envolvam super-heróis que salvam o mundo dos "super-vilões" (do Pinguim aos Comunistas);
- Filmes sobre o  Far-West às sequências de Máquina Mortífera ou Rambo (nas florestas tropicais do Vietnã);
- Livros e suas adaptações para o cinema hollywoodiano: O Senhor dos Anéis, Harry Potter ou Vinte Mil Léguas Submarinas.
São apenas alguns exemplos, mas aparentemente está faltando algo ao homem, pelo menos aqui, no Ocidente. Algo que ele busca nas artes, na leitura, nos divertimentos. Os sinais exteriores são apenas algumas pistas...

quinta-feira, março 25, 2010

Gestão do Tempo

Essa expressão me dá frio na barriga... Talvez um dia eu possa dizer que é um desafio vencido, mas tenho minhas dúvidas. Agora mesmo estou escrevendo no blog e tenho um milhão de coisas pra fazer. Coisas que não quero fazer ou para as quais há algum empecilho com o qual não quero lidar. E nisso passam-se os minutos, as horas e a ansiedade toma conta do meu estômago e da minha mente e as coisas não se resolvem.

Já ouvi muitas vezes sobre a importância de se organizar, utilizar agenda, os aplicativos do google, etc. Inclusive tenho plena consciência da responsabilidade que tenho sobre o tempo que recebo. Mas, daí para dar conta de tudo, às vezes terrivelmente cansado de dar aulas.

Um outro aspecto que sempre assalta meus pensamentos: não posso entrar na correria desenfreada, preciso ter tempo para o lazer, etc. Me sinto até envergonhado por pensar assim: se não dou conta do pouco que está sob a minha responsabilidade, por que raios estou pensando em lazer? Isso é resquício de uma mentalidade infantil que não foi embora apesar dos 27 anos?? E agora que tenho um apartamento para sustentar, um casamento para realizar, algo em torno de 150 alunos para ensinar, um monte de papel pra manter atualizado, o que estou fazendo na frente desse blog???

O pior, a agenda do celular está aqui do meu lado avisando tudo o que devo fazer... Então, tô indo...